Gerald Thomas volta ao Rio para série de debates gratuitos

Cinco anos após sua última montagem no Rio (“Terra em Trânsito”, em 2007), o diretor teatral Gerald Thomas está de volta à cidade onde foi criado para um seminário em que pretende discutir os rumos e as possibilidades do teatro com seus colegas de palco, seu público e qualquer interessado.

“Gerald Thomas Fala e Ouve (Entredentes do Teatro)” é um grande bate-papo aberto ao público, sem roteiro, parte do projeto “Artista Visitante”, do teatro Poeira, em Botafogo, na zona sul do Rio.

As conversas com Thomas começaram na noite de ontem e continuam hoje, amanhã e nos mesmos dias na próxima semana (27, 28 e 29/8), das 21h às 23h, com entrada franca.

Na abertura do projeto, o diretor acabou sendo entrevistado pelo público e lembrou momentos marcantes de sua vida e de sua carreira. Dizendo-se “nervoso, o que é raro”, Thomas mostrou inicialmente um vídeo em que o compositor Philip Glass tece elogios a ele (“um encenador polivalente”, “sabe tudo de teatro”) e a suas peças “escandalosas”. “Ele vive para o teatro, e essas são as pessoas que importam”, afirmou o americano.

“Acho que é uma descrição bastante realista da devoção que eu tenho ao teatro”, disse o diretor, que também afirmou não acreditar “em teatro de um lugar”: “Um artista é do mundo, ou ele não é artista”.

Atualmente ensaiando em Nova York a ópera “Ghost Sonata”, baseada na peça do dramaturgo sueco August Strindberg, com John Paul Jones, o baixista do Led Zepellin, Thomas falou também sobre seu último trabalho, com a companhia que mantém em Londres, a Dry Opera — “Gargólios”, encenada em São Paulo no ano passado e em Curitiba há quatro meses, chega ao Rio até o fim do ano.

“O Rio é muito estranho. Acho que eu fiz meus melhores trabalhos aqui. Minha relação com o Rio é meio mãe e filho que não se dão muito bem, depois se dão”, disse Thomas. Instado pela plateia, ele lembrou ainda do polêmico episódio em que mostrou as nádegas após ser vaiado por parte do público que assistia à sua montagem de “Tristão e Isolda”, no Teatro Municipal do Rio, em 2003 -o diretor acabou preso e indiciado por ato obsceno. “Gastei US$ 22 mil com advogados”, disse. O Supremo Tribunal Federal determinou, em 2004, o trancamento da ação penal que tramitava contra ele.

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