George Ezra engorda a lista de músicos britânicos a estourar no mundo

Eles já tiveram uma assustadora cena punk. Dominaram o rock. Revelaram duas das melhores vozes femininas dos últimos dez anos, com Amy Winehouse e Adele. O Reino Unido, embora infinitamente menor do que os Estados Unidos, grande potência da indústria fonográfica, volta a mostrar que dita as regras quando o assunto é música. Três compositores pop, britânicos e cantores com estilos bastante característicos para entoar suas baladas próprias, ganham as paradas e estabelecem uma nova tendência na música mundial.

Mais novo neste âmbito, George Ezra segue os passos daqueles que vieram antes dele e estabeleceram-se como estrelas do novo pop, Ed Sheeran e Sam Smith. Com canções de autoria própria, versos pessoais e algum jeito com o violão, o jovem nascido em Hertford, cidade a 30 Km de Londres e 26 mil habitantes, tem rodado tanto o globo com a força de hits como Budapest, que não se lembra quando foi a última vez que dormiu em algum lugar que pudesse ser chamado de lar.

“Eu morava de aluguel, em Bristol, mas depois que as turnês começaram, não valia a pena ficar gastando dinheiro com esse tipo de coisa”, contou o músico ao Estado, por telefone, de Paris, onde se apresentaria.

Desde 2014, quando saiu o disco de estreia dele, Wanted on Voyage (no Brasil, lançado pela Sony Music), foram 158 shows – sendo que 92 deles ainda neste ano. Uma média alta para um artista que ainda não atingiu seu potencial máximo de popularidade justamente pelo grande sucesso dos concorrentes que vieram primeiro. No número de apresentações no período, Sheeran lidera com 234.

Nos Brit Awards (maior prêmio da música britânica) deste ano, por exemplo, ele foi indicado em quatro categorias, mas acabou ofuscado por Sheeran e Smith – o último ainda foi o grande vencedor do Grammy.

Isso não quer dizer, contudo, que ele não tem números bons o bastante para chegar a bater os “adversários” britânicos nesse novo domínio do pop. Muito disso por conta de Budapest, o segundo single do álbum e grande hit. No serviço de música em streaming Spotify, a canção ultrapassou as 10 milhões de execuções em seis meses – num período em que o serviço de assinatura não era tão popular. Atualmente, a faixa já foi executada mais de 170 milhões de vezes. No YouTube, são quase 60 milhões de visualizações.

Curioso é como esses três nomes do pop inglês partilham de tantas características, mas estabeleçam-se em vertentes diferenciadas. Smith, atração do Rock in Rio deste ano, por exemplo, é uma espécie de Adele de 2015: um disco, In the Lonely Hour, embebido de dores do soul e criado a partir de um coração partido. Já Sheeran, que recentemente passou por aqui com shows esgotados, é exímio com o violão, tem lá suas bebedeiras e sabe cantar sobre amor e a ressaca com doçura.

Ezra se diferencia pelo vozeirão grave e pelas linhas vocais que fogem do óbvio. Seu violão também se aproxima do folk norte-americano a ponto de, veja só, ele ter figurado no topo da parada do gênero nos Estados Unidos com o álbum de estreia.

Ele, contudo, aposta nas experiências pessoais para produzir os versos de suas músicas, como Smith e Sheeran. Viajou pela Europa antes a fim de buscar vivências novas e capazes de acionar sua criatividade. Não por acaso, Budapeste, Barcelona e até Austrália são citadas nominalmente em suas canções.

Como estrela em ascensão, ele ainda pode enfrentar uma dura queda antes do segundo disco. Ezra sabe dos riscos que corre e diz aproveitar a boa fase o máximo possível. “Nunca imaginei que chegaria a este nível, sabe? Nunca passou pela minha cabeça. Penso que é como um trabalho. Não sei até quando isso vai durar. Então, sou sortudo o bastante de aproveitar enquanto dá”, diz. “Quando volto para casa, ninguém me trata diferente. Continuo o mesmo.”

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