Um dos maiores dubladores do Brasil, Gárcia Jr. foi uma das atrações da 3ª edição do Geek City em Curitiba, que acontece entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro, no Expo Parque Barigui. O profissional esteve no segundo dia do evento, no sábado (31), e trouxe revelações, curiosidades e a modernização de fazer dublagem nas terras brasileiras.
Gárcia Jr. é conhecido por dar voz ao Pica-Pau, He-Man e do ator Arnold Schwarzenegger. Vindo de pais também dubladores, Gárcia conta que seguir a mesma carreiras da família aconteceu de forma natural. “Muitos acham que eu comecei com 10 anos, mas na verdade eu fiz meu primeiro trabalho aos 8 anos. Eu estava no estúdio com o meu pai e precisavam de alguém que soubesse relinchar. Eu, todo tímido na época, levantei a mão e disse que sabia. Foi ali que tudo começou”, revelou.
Mas ressalta que sofreu uma certa represália, por ser filho de dubladores, vários profissionais acreditavam que ele não teria a mesma capacidade dos pais e por ser criança. “Foi difícil no começo, pois várias pessoas pensavam que eu não teria capacidade por ser criança e filhos de dubladores. Mas aos 10 anos já comecei a dublar o pica-pau”.
Além disse, Jr. também relembrou como era complicado a vida de ator na época. “Antigamente, falar que você era ator, era visto como profissão de malandro. Eu tinha um amigo que contou para a mãe que eu fazia a voz do Pica-Pau, ela olhou para ele e disse ‘Ele é o Pica-Pau, mas você vai estudar para não ser vagabundo’”, explicou rindo.
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Sobre a modernização da dublagem, Gárcia Jr., que também é diretor de dublagem, explica que nos dias de hoje melhorou bastante tanto na sincronização de voz, como interpretação. “Antigamente se dublava com todo mundo, isso atrapalhava, pois dava problema de volume, caso um dublador estivesse longe do microfone na hora de gravar a voz”, explicou.
Inclusive, Gárcia conta um caso curioso. Quando estava gravando ‘Ghost – Do Outro Lado da Vida’, ele se emocionou ao dublar a cena final. “Foi difícil, pois eu dublava o personagem de Patrick Swayze, o Sam Wheat, e ele está todo tranquilo e sereno, então não podia demonstrar emoções fortes. E na época, eu gravei junto com a intérprete que fazia voz da Demi Moore, ela também estava toda emocionada”, contou rindo sobre a interação com a colega Monica Rossi. “Eu me emocionei mais na hora de dublar do que vendo o filme”, finalizou.
Gárcia Jr, finaliza entrevista que se considera nerd. “Quando eu era criança, eu fui o aluno do fundão, que não tinha amigos da minha idade, só com os mais velhos. Eu era meio calado, mas minha cabeça funcionava há 200 bilhões por hora”, contou.
O bate-papo com o público aconteceu no sábado, no palco principal do Geek City.