Quem é noveleiro já perdeu a conta de quantas mulheres os personagens José Mayer já conquistaram nas tramas em que ele atuou. Em Império, nova produção das 9 da Globo, que estreia nesta segunda-feira, 21, o ator também roubará o coração de um homem. “É uma outra quebra que pode ser interessante e pode renovar o olhar do espectador em relação ao meu trabalho.”
Na novela escrita por Aguinaldo Silva, o artista encarna Cláudio Bolgari, cerimonialista badalado do Rio, casado com a ex-miss Brasil Beatriz (Suzy Rego), mas que mantém um caso antigo com o aspirante a ator Leonardo (Klebber Toledo).
“Ele se aceitou. Só que como milhões de homossexuais, não quer assumir sua orientação. Acho que as pessoas têm direito de ter privacidade na sua realização sexual”, prega Mayer.
Vida dupla
Nas primeiras cenas de Cláudio e Leonardo fica a intenção de beijo. “Acho essa história de que vai ter beijo gay aguardado no capítulo 200 uma hipocrisia, uma espetacularização de algo que deveria ser cotidiano e banal”, rebate o ator. Em Amor à Vida, que terminou este ano, o beijo entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) só aconteceu no final. Já na novela Em Família, ainda no ar, o momento de Marina (Tainá Müller) e Clara (Giovanna Antonelli) foi ao ar no meio da trama, porém, anunciado com antecipação pela Globo.
“As pessoas se beijam por afeição, homens e mulheres. Essa festa que se arma em cima de finais de novela, aguardando o excepcional e extraordinário beijo gay é uma bobagem”, critica José Mayer. Para ele, é preciso tratar a questão com naturalidade. “O ideal seria que se assimilasse melhor a expressão do afeto em casais homossexuais. Com o passar dos anos, a aceitação acrescente. A moral não é uma coisa estagnada. Os costumes mudam. E essa aceitação virá, inevitavelmente. Espero que venha logo.”
Apesar do caso extraconjugal, Cláudio não tem crise no relacionamento com a mulher. “Ele comparece. Até o que recebi (dos capítulos), eles têm uma vida gostosa. Ela é apaixonada por ele e o defende”, contou Suzy Rêgo ao jornal O Estado de S.Paulo. Klebber Toledo diz que Leonado não forçará o amado a sair do armário. “Ele se sente sozinho. Naturalmente, vai querer mais atenção. Porém, ele não tem essa tendência de chantagear”, analisa o ator. Quem infernizará a vida o cerimonialista é Téo Pereira (Paulo Betti), colunista social que tentada desvendar o segredo. O casal gay também vão se ver, sem querer, em outras ocasiões, mas vão disfarçar. “No encontro fora, eles conversam normalmente”, afirma Klebber.
No desenrolar da trama, Cláudio terá de lidar com a homofobia do filho, interpretado por Joaquim Lopes Enrico. “Acho que a homofobia parte de uma circunstância muito específica. Ele tem essa ligação forte com o pai. Ele se sente traído, não reconhece mais aquele cara que conhecia desde pequeno. Acho que é uma pessoas estranha. Isso que o faz ter essa reação. Acho que nenhuma pessoa em sã consciência tem atitude de preconceito de maneira racional. Tem de ser muito insegura para fazer esse sentimento aparecer”, aposta Joaquim.