Quando criança, sempre que relia Cinderela ou assistia ao desenho homônimo da Disney, Maria Carolina Ribeiro se colocava no lugar da personagem-título. Loura e de olhos verdes, parecia ser a candidata mais que perfeita para o papel da donzela sofredora de Charles Perrault. Quase 20 anos depois, Maria Carolina tem a oportunidade de trabalhar numa livre adaptação de A Gata Borralheira: a novela Floribella, da Band. O que ela não poderia imaginar é que, em vez da heroína da história, seria escalada para fazer uma das vilãs, a malévola Delfina. Longe de reclamar dos desígnios do destino, prefere destacar o aspecto "catártico" da vilania. "Nunca imaginei que fosse gostar tanto de fazer uma vilã. Tudo o que não posso fazer no trânsito, faço em cena. É uma terapia e tanto", graceja.
Na novelinha infanto-juvenil da Band, a ambiciosa Delfina Torres Bettencourt não passa de uma caçadora de dotes que, a exemplo da mãe, a pérfida Malva, vivida por Suzy Rêgo, faz de tudo para arranjar um marido rico. A "vítima", no caso, é Frederico, o jovem herdeiro dos Fritzenwalden, interpretado por Roger Gobeth. Por isso mesmo, Delfina bufa de raiva toda vez que vê o noivo suspirar por Flor, a criada da mansão, vivida por Juliana Silveira. "Tadinha da Delfina! Ela tenta de tudo, mas sempre se dá mal. Isso serve até de lição para as crianças: ‘Vai fazer? Então, faz! Mas saiba que você pode se dar mal…’", argumenta a atriz, em tom de falsete.
Gaúcha de Porto Alegre, Maria Carolina já teve a chance de conferir a grande rejeição a sua personagem em um supermercado do Rio. A certa altura, ela deu de cara com o olhar esbugalhado de uma criança. Meio sem jeito, ainda tentou interagir. Em vão. O garoto olhava fixamente para a atriz, como se não acreditasse no que via. "Conheço você… Você não é a Delfina?", balbuciou ele. Sou, mas só na novela. Aqui, eu sou a Maria Carolina…", tentou explicar a atriz. Com a prima de Drica Rabello, que interpreta a Sofia em Floribella, foi ainda pior. Durante uma visita aos estúdios, a menina se recusou, terminantemente, a falar com a atriz… "Não teve jeito… Ela só sabia repetir que eu era má e chata, má e chata…", diverte-se, resignada.
Estréia
Floribella marca a estréia de Maria Carolina Ribeiro em novelas. Antes, ela só havia feito participação em três episódios da série Contos de Inverno, produzida e exibida pela RBS, filiada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Formada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Porto Alegre, confessa que tinha um certo receio em fazer televisão. "Achava que não conseguiria desenvolver um bom trabalho num veículo tão veloz quanto a tevê. Ou, então, que não sentiria prazer em fazer novela. Vi que estava enganada", pondera. O convite para fazer Floribella, lembra, surgiu durante temporada de Ópera do Malandro, montagem de Charles Möeller e Cláudio Botelho para o musical de Chico Buarque. Nele, inclusive, a moça já demonstrava seus dotes de cantora e dançarina. Não por acaso, foi convidada para gravar uma das faixas do CD da novela: a da música Você Vai Me Querer.
Aos 26 anos de idade e apenas cinco de carreira, Maria Carolina vê com bons olhos a possibilidade de vir a interpretar a malévola Delfina por mais tempo que o planejado. Como a Band já anunciou a segunda temporada de Floribella, é possível que a atriz continue a assustar criancinhas na rua também em 2006. ?Com o tempo, as crianças vão se acostumar comigo…", torce.