O palco do Centreventos Cau Hansen em Joinville é enorme e assustador, afinal, o balé do Teatro Colón argentino ofereceu ali uma clássica Coppelia três dias antes. O público de cerca de 3 mil pessoas presente na noite de sábado era exigente – jurados, bailarinos, coreógrafos e estudantes de dança. Enfim, as condições eram tensas e difíceis para quem fosse se apresentar na mostra competitiva do Festival de Dança de Joinville, o mais importante do País.
Os primeiros grupos que se apresentaram não foram felizes. Foi quando entrou um menino de 12 anos, magro, natural de Ourinhos, São Paulo, mas radicado em Curitiba, aluno da Escola de Dança do Guaíra. Daniel Henrique Camargo vestia uma bela roupa de malandro carioca, com chapéu de palha, colete e tudo mais. Estranho, pois ele concorria no solo de balé clássico. Nos primeiros acordes, o jovem talento conquistou a platéia e tomou canta daquele palco, outrora assustador. Ele dançou como nunca, agradou a todos e, misturando dança de salão com os movimentos clássicos honrou os passos dos irmãos Beauchamps. A coreografia de Patrícia Otto (a professora dele) que Daniel dançou no festival, Vou Vivendo, era uma dessas peças que serve para consagrar única e exclusivamente um talento puro como o aluno do Guaíra. Genial. O público aplaudiu de pé. Os próprios jurados ficaram emocionados com a performance do menino, bailarino, dançarino e vencedor.
Daniel Camargo dança há cinco anos. Primeiro em Ourinhos, quando cedeu a pressão das irmãs e foi fazer uma aula local. Depois, quando a irmã mais velha veio para dançar no Balé do Guaíra e a família veio junto, o menino de ouro da dança curitibana (em maio ele conquistou um segundo lugar numa competição em Nova York) resolveu entrar para valer e foi devidamente adotado pela Patrícia Otto e a Cíntia Andrade, suas professoras no Guaíra. Até o final do Festival de Joinville ele ainda vai dançar mais duas vezes, um solo e outro com um grupo. No sábado estará no espetáculo dos campeões, assim como o vencedor do Prêmio Revelação do festival do ano passado, Arthur Kowalski Louart, bailarino do Ballet Teatro Guaira.
A dança na cidade de Joinville está atingindo níveis altissimos. Os espetáculos nos primeiros dias da mostra competitiva não decepcionaram. As performances em locais alternativos, ruas, praças, shoppings, são alegres e bem aceitas pela população. Os brasileiros gostam de dançar como gostam de futebol. Não tenha dúvida disso.
Outros paranaenses vitoriosos: na categoria Clássico de Repertório Variação Feminina Júnior, o segundo lugar ficou com o Grupo Jovem Teatro Guairá (PR); no Balé Clássico de Repertório – Variação Feminina – Júnior, 3.º lugar – Grupo Jovem Teatro Guaíra. E no Balé Clássico – Solo Feminino Júnior – 3.º Lugar -Grupo Jovem.
