Garotas se unem contra a violência machista em ‘Foxfire’

Embora o livro de Joyce Carol Oates tenha sido filmado com Angelina Jolie em 1996, o diretor Laurent Cantet não se intimidou e escolheu Foxfire como projeto, logo após ganhar a Palma de Ouro com Entre os Muros da Escola, em 2008. Ele ainda montava Entre les Murs, sem saber das sensação que o filme provocaria em todo o mundo. Leu-o de um jato, sem parar, como explicou ao repórter, mas somente agora, com o distanciamento, pode dizer que o livro o influenciou muito mais do que ele poderia admitir na época. A Palma possibilitou-lhe a parceria para fazer o novo filme de época, como queria.

Numa entrevista em Paris, no começo de junho, após o Festival de Cannes – os encontros com atores e autores organizado pela Unifrance -, Cantet analisou as diferenças e similaridades entre seus dois filmes. O repórter também queria extrair dele algum comentário sobre o filme de Sofia Coppola, The Bling Ring, que havia passado em Cannes, mas Cantet não o vira, como também não viu o filme com Angelina Jolie. O curioso é que Foxfire, com o mesmo subtítulo do romance, Confissões de Uma Gangue de Garotas, estreia na sequência de Bling Ring, que permanece em cartaz.

Dois filmes sobre jovens que formam quadrilhas. O de Cantet passa-se nos anos 1950, a irmandade – mais que quadrilha – é de garotas, e elas percebem que precisam se unir para enfrentar a violência machista e tentar mudar o mundo. No filme de Sofia, os jovens são mistos, garotos e garotas. Vivem grudados na internet e roubam casas de celebridades para ter acesso aos itens de consumo que sua condição social não lhes permite. Cantet põe o foco na política. Os jovens de Sofia mesmo quando falam de política – uma garota quer criar uma ONG – o fazem de forma alienada. A maioria não quer saber do assunto.

O Foxfire de 17 anos atrás também evita a política, que é o que interessa a Cantet. “Não vi o filme porque não queria sofrer nenhuma influência. Não queria deixar de colocar nas tela aspectos importantes do livro só porque já teriam sido abordados ou não teriam funcionado na outra adaptação. Vi só o trailer, e deu para perceber que os focos não poderiam ser mais diferentes. Imagino que alguém possa dizer que sou ultrapassado, que luta de classes é coisa do passado. Eu acho que essas pessoas deveriam voltar a ler (Karl) Marx, se é que algum dia leram. Os excluídos sociais e políticos são legião, o consumismo fútil gerou uma alienação sem precedentes.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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