Tidos como um tipo machão, os gaúchos já renderam incontáveis piadas a respeito de sua sexualidade. Com 36 anos de carreira, o paulistano Cláudio Cunha vem a Curitiba encenando o machão mais famoso dos palcos e da literatura, o analista de Bagé, personagem criado para os livros por Luís Fernando Veríssimo. Com um texto inédito, Cunha apresenta O analista de Bagé e a super fêmea no Teatro Fernanda Montenegro entre amanhã e domingo.
Segundo Cunha, a nova adaptação está bem longe do original. Pudera, há 25 anos levando o personagem para os teatros de todo o Brasil, o ator já divertiu mais de dois milhões de espectadores, aparecendo no Guinness Book com dois recordes: peça há mais tempo em cartaz e ator há mais tempo permanente num personagem.
Junto ao analista pra lá de atirado, seguidor da veia freudiana da psicologia, a atriz e modelo Paola Rodrigues faz o papel de Margarida, noiva do machão. ?Nós firmamos um tratado do riso, já contracenei com dezenas de atrizes e a Paola tem se mostrado uma garota muito talentosa?, disse. Na peça, o protagonista fala sobre os sintomas do riso e o processo que leva as pessoas a rirem após escutar anedotas. A endorfina, conhecida como o hormônio da felicidade, produzido pelo hipotálamo, serve de explicação para o analista de Bagé explicar diagnósticos e se dar bem com as mulheres. Nesta versão, Margarida resolve testar a fidelidade do noivo, para isso, se disfarça de sexóloga e marca uma consulta com o garanhão. O resultado hilário desse encontro reafirma o escracho do ?Freud dos Pampas? e o espetáculo acaba funcionando como uma terapia cômica.
Após tantos anos de papel, Cunha afirma que cada espetáculo é diferente do outro. ?É sempre uma nova sensação, nunca tive alguma relação com gaúchos, com minha experiência nos palcos aprendi a gostar e respeitar sua cultura?, disse. Sobre as apresentações em Curitiba, o ator contou que já foram aproximadamente dez. ?Fiz peça com Simone Carvalho, Melissa Mell, Silvana Amaral e outras.?
O interesse em adaptar a história de Veríssimo no início era para o cinema. Há vinte cinco anos Cláudio Cunha era diretor de cinema e procurou o autor gaúcho para fazer a adaptação, mas os direitos já haviam sido vendidos. Como não existia nenhum projeto para o teatro, Cunha levou a idéia do gaúcho machão para os palcos.
Serviço:
O analista de Bagé e a superfêmea no Teatro Fernanda Montenegro (Shopping Batel), amanhã e sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos antecipados a R$ 20, no dia R$ 30, e R$ 15 para aposentados, estudantes, funcionários públicos e idosos.