Tomás de Aquino Leão Cavalcanti, conhecido desde pequeno como Galo Preto, comemora em 2014 setenta anos fazendo improvisações (conhecidas no Nordeste como emboladas) sem nunca ter registrado em disco suas músicas. O cantor de coco nascido em um quilombo de Bom Conselho, interior de Pernambuco, tem algumas canções guardadas na memória – as outras, inventa na hora.

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Inspirado pelas histórias que ouvia pequeno e pelo que viveu, Galo Preto tem na manga muitos causos, que devem conduzir o show que faz neste sábado, 11, no Sesc Belenzinho.

Do dia em que nasceu, conta: “Minha mãe estava no ‘sono do parto’, e eu fiquei num quarto com ela. Quando a parteira veio me procurar, eu tinha sumido. Pensaram que algum bicho tinha me comido, ficaram doidos. Foram meus irmãos que saíram comigo recém-nascido e me levaram pro gramado do lado de fora de casa, onde tinha uma cabra. Eles me deram de mamar pela primeira vez numa cabra!”, conta, rindo.

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Há também episódios tristes. O pior deles foi quando sofreu “uma rasteira” e passou mais de dois anos preso sob acusação de chefiar um grupo de matadores, sem que houvesse provas contra ele. “Eu não entendo nada de justiça. Quando procurei o juiz, ele já tinha dado a sentença. Tive que aguardar júri, mas não havia nenhuma prova, nenhuma testemunha contra mim. Tanto que logo depois da primeira sessão, já fui liberado”, diz. A prisão ocorreu, segundo ele, por conta de disputas políticas.

No período, compôs um samba para a sua primeira mulher, que o visitou todos os domingos no quartel em que foi preso, por ser reformado no exército: “Dia de visita, quando dá duas horas / Ela está no portão / Quando o sargento abre a cela eu vejo ela entrar de sacola na mão / Me alegra e me anima / Sua presença é tudo para mim / E agora eu pergunto a Deus desses sofrimentos meus / Quando vai chegar ao fim”.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.