Gabriel, um Dom Quixote em tempos de mensalão

d34.jpgRio – O Brasil conheceu Gabriel O Pensador em 1992, quando as rádios começaram a tocar Tô feliz, matei o presidente, uma alusão nada elogiosa a Fernando Collor, que sofria um processo de impeachment. Na época, o artista não tinha disco lançado, mas a música se tornou um sucesso imediato – refletindo a indignação geral com as denúncias de corrupção. Treze anos depois, Gabriel se apresenta no Canecão lançando seu sétimo CD, Cavaleiro andante, num momento em que CPIs batem recordes de audiência. Novas ?homenagens? vêm aí?

?De vez em quando me pedem um novo Matei o presidente ou mesmo para tocar a versão original? conta o rapper. ?Mas não precisa, prefiro outras músicas que se encaixam bem no momento atual. Fiz show em Brasília recentemente e improvisei em cima da letra de FDP. No refrão dessa música, aliás, a platéia aproveita para extravasar sua indignação. As pessoas gritam ?mensalão!? e coisas do tipo?.

Aproveitando a situação, Gabriel promete resgatar no show uma música do primeiro disco, Esperanduquê, que começa com os versos: Eu nada posso perante uma raça que só tem filho da p./ Se espalha por todo um lugar chamado Brasília. E não descarta a possibilidade de improvisar na hora um ou outro discurso ou rap mais específico para personagens da política atual.

O rapper continua afiado nos xingamentos a deputados, senadores, tesoureiros e afins, mas claramente não é o mesmo de sua estréia.

Basta ver o nome do novo CD, Cavaleiro andante. Em vez do assassino de presidente de outrora, aproxima sua imagem do heroísmo romântico de Dom Quixote. 

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