A seção paranaense do Conselho Federal de Museologia solicitará vistas do projeto museológico do Museu de Arte do Paraná, cuja construção deve estar pronta em novembro. O projeto arquitetônico é de Oscar Niemeyer, mas o conselho, com 42 profissionais registrados, desconhece a proposta de funcionabilidade do espaço e também nada sabe sobre a existência de uma equipe de museólogos a serviço da Secretaria de Assuntos Estratégicos, que coordena a obra de 15 milhões de reais no Centro Cívico.
Clarete Maganhoto, presidente do Conselho Regional de Museologia, que atende também Santa Catarina, informou ontem que a Secretaria de Assuntos Estratégicos deveria ter enviado ao órgão o projeto museológico para exame. Não por obrigação, mas pelo menos – entende ela – por uma questão de bom senso, participação democrática para com o trato público e respeito a uma entidade criada para regulamentar a atividade museológica.
Eliana Moro Réboli, secretária do Corem, acrescenta a preocupação com a maratona que o governo vai promover com as obras de arte. É que o acervo do futuro museu será constituído pelas coleções de obras já existentes em outros museus. “Além de fechar o Museu de Arte Contemporânea, um dos mais antigos do gênero no País, a proposta é a de transferir acervo de um lado para o outro. Quais os cuidados técnicos que estão sendo previstos?”
O projeto envolve tantas questões polêmicas que a Secretaria da Cultura, a quem enfim compete o Museu de Arte do Paraná e os acervos, foi solicitada pelo Corem para participar do encontro de museologia que acontecerá em setembro no Teatro da Reitoria.
“É preciso que um porta-voz da Cultura explique o projeto museológico, apresente os profissionais envolvidos e discorra sobre os cuidados de transferência de coleções”, observa Clarete Maganhotto, sem deixar de lamentar que o futuro museu signifique o sepultamento dos já existentes. E acrescenta: “Quando se tem verba para a construção de museu, deveria-se ter também para a aquisição de obras. Os museus não podem aumentar seus acervos apenas quando premiam em salões ou quando ganham doações dos próprios artistas”.