O resultado de anos de debate entre autores latino-americanos e críticos é a matéria-prima para a nova série que a Fundação Cisneros lança nos EUA. Até julho, a sequência, batizada de “Conversas”, terá dois livros com autores brasileiros, Ferreira Gullar e Jec Leirner. Neste mês, a Coleção Patricia Phelps de Cisneros lança “Ferreira Gular Conversando com Ariel Jiménez”, fruto de dois anos de discussões entre o brasileiro e o crítico.

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“Foi um diálogo rico e esclarecedor. Ele veio à minha casa muitas vezes, foram horas de conversa. Depois me escrevia e eu esclarecia alguns pontos”, contou o poeta maranhense à reportagem. Jiménez diz que a construção do livro foi cuidadosa. Quando se deparavam com palavra que tinha formas iguais e significados diferentes em português e em espanhol, língua nativa do crítico venezuelano, debatiam a experiência que originou a expressão. “Tentávamos sempre encontrar a palavra equivalente”, disse o crítico.

Nos EUA, o livro foi editado em espanhol e em inglês. Na Espanha e na América Latina, a série é publicada pela Editorial RM. A Fundação Cisneros está em negociação para lançar a versão em português da obra. Também está prestes a ser lançada obra dedicada ao artista Jac Leirner, que vive em São Paulo e utiliza objetos do cotidiano para criar um trabalho conceitual, com influência minimalista e pop. O brasileiro dialoga com a historiadora Adele Nelson, da New York University. Segundo a fundação, é primeiro estudo em profundidade do processo criativo de Nelson. As entrevistas com o artista plástico abrangem cerca de duas décadas de produção.

O escultor e artista plástico brasileiro Waltercio Caldas, do Rio de Janeiro, também integrará a série, mas sua obra só deve ser publicada no final do ano que vem. A exemplo do que aconteceu com Ferreira Gullar, Caldas dialogará com o crítico venezuelano Ariel Jiménez.

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Voz do artista

Gabriel Pérez-Barreiro, diretor da Fundação Cisneros/Coleção Patricia Phelps de Cisneros, afirma que a entidade identificou que a voz dos artistas latino-americano estava ausente nos Estados Unidos, e por isso investiu na série Conversas. Para ele, é importante dar expressão a nomes contemporâneos e aos que pertencem a gerações prestes a desaparecer, como a do artista, pensador e designer Tomás Maldonado, nascido em Buenos Aires e que completou 90 anos em 2012.

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