Enéas Lour é um dos mais atuantes e premiados artistas do Paraná. Além de ator, cenógrafo e diretor teatral, Lour é também dramaturgo e foi com um projeto de pesquisa dramatúrgica que recebeu do Ministério da Cultura o Prêmio Funarte Myriam Muniz.
Com prêmios no valor total de R$ 1.480.000,00, foram contemplados 31 projetos de teatro dos estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além do dramaturgo também foram selecionados os seguintes projetos de companhias teatrais do Paraná: Memórias de Bonecas da Fábrica de Teatro do Oprimido, As velhas loucas da Cia. de Theatro Fase 3 e Projeto Anastácia do Centro de Produtores Independentes de Arte e Cultura de Londrina, além de Dolores e seus temores da Lubeli Vídeo e O julgamento do amor de Pedro Pires e Cartas, cartas, cartas do ACT Ateliê de Criação Teatral de Curitiba.
O projeto premiado do dramaturgo Ené as Lour propõe a realização de pesquisas acerca do Caminho do Peabiru tendo como finalidade a criação de um texto teatral a ser encenado em 2007. O Caminho do Peabiru foi a mais importante via transcontinental da América do Sul pré-colombiana. Era uma ?estrada? indígena com um tronco e uma série de ramais, formando uma rede. Álvar Nuñes Cabeza de Vaca narrou sua caminhada desde a Ilha de Santa Catarina até Assunção usando este caminho milenar que tinha cerca de 3 mil quilômetros, ligando o Atlântico ao Pacífico unindo, o litoral de Santa Catarina ao litoral peruano.
Há muitas histórias acerca deste caminho, por exemplo, o astrônomo Germano Bruno Afonso, do Departamento de Física da UFPR, destaca que, coincidentemente ou não, existiam diversas marcações astronômicas, a maioria feita em pedra, ao longo do percurso do Peabiru. Eram gravações rupestres e monólitos com orientação astronômica que indicam solstícios, equinócios, pontos cardeais e até constelações, o que demonstra um conhecimento bastante aprimorado de seus construtores – talvez os índios itararés ou os guaranis – e há até quem diga tratar-se de obra dos incas (!).
Há também uma versão mais fantasiosa segundo a qual o caminho teria sido aberto por São Tomé, apóstolo de Cristo. A passagem de Tomé pela América foi bastante mencionada a partir do século XVI. Nessa versão, um homem branco, barbudo, trajando um camisolão, identificado como o apóstolo, teria chegado ao Brasil ?andando sobre as águas?. Chamado de Zumé, Sumé ou Pai Sumé pelos índios, esse personagem teria falado de um deus único e transmitido aos nativos uma série de conhecimentos.
