Transcorreu no ano fluente o sesquicentenário de nascimento do célebre neurologista e psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939). Mas não é minha intenção focalizar aqui a vida e a obra do grande médico, criador da Psicanálise. Dados biográficos, vicissitudes existenciais, desencontros familiares, dificuldades profissionais, tudo isso está fora do âmbito da preocupação que me levou a escrever a presente crônica.
Ela vai limitar-se a evocar um episódio pouco conhecido e, não obstante, estranho e curioso. Seguinte. Freud, que deixou de ganhar o Prêmio Nobel de Medicina a que certamente fazia jus, chegou a ser considerado como candidato potencial a outro Nobel: o de Literatura, em 1936.
Entre os vários proponentes da candidatura freudiana encontravam-se Romain Rolland, o mestre de Jean Christophe, e Thomas Mann, o genial criador de A montanha mágica, Doutor Fausto e José e seus irmãos.
A verdade é que Freud, além de notável cientista, foi também um escritor primoroso, de prosa ática, elegante, quase aristocrática. Isso fica mais do que evidente em livros como A interpretação dos sonhos, Psicopatologia da vida quotidiana, Totem e Tabu e muitos outros.
Resta dizer que Freud não chegou a ganhar o Nobel literário. Este, em 1936, foi obtido por Eugene O?Neil, o dramaturgo norte-americano autor de Desejo sob os olmos, Além do horizonte, A longa viagem dentro da noite, etc. Com toda a justiça, note-se. Freud explicaria a sábia escolha.