Frei Miguel: livro analisa presença do frei no imaginário popular

Frei Miguel, uma das figuras centrais da manifestação da religiosidade popular atual, é des-cendente de italianos e veio ao Brasil para desenvolver um apostolado evangelizador. Dom Pedro Fedalto, arcebispo metropolitano de Curitiba, afirma que “ele era muito procurado, dedicava-se como confessor, tinha convicção profunda de sua vida religiosa e sacerdotal, cumpria bem seu dever de pároco da Vila Nossa Senhora da Luz da CIC-Cidade Industrial de Curitiba e na capela São Leopoldo Mándich.”

Após a morte, seu túmulo continua recebendo pedidos para que interceda junto a Deus, pois sua presença se mantém no imaginário popular. Maria Aparecida da Silva Feliciano, uma das pessoas convictas de ter recebido uma graça, relata: “Fui até o túmulo de frei Miguel, ajoelhei-me diante dele e pedi-lhe que, como ele ajudava a gente aqui na capela quando precisava, agora ele poderia me ajudar.”

Relatos e a história da presença do frade no imaginário popular estão no livro Frei Miguel Bottacin, capuchinho: seu testemunho cristão e franciscano, do historiador Jorge Antonio de Queiroz e Silva, que reuniu fontes orais para construir a história local, e explica: “o termo imaginário vem de imagem que tem vários significados. Segundo Auge (2002), `em primeiro lugar, é forma material, gráfica, plástica, arquitetônica. Essa forma pode ser a representação direta ou indireta, imediata ou transposta, de um referente material, moral ou intelectual. As imagens mentais, ligadas às concepções e aos efeitos da imaginação, estão associadas às palavras e aos conceitos’. Afirmar que frei Miguel está presente no imaginário popular significa que sua imagem está ali tão viva, como se continuasse rezando, se locomovendo, confessando, aconselhando, sorrindo ou observando, como aparece na foto da capa. A lembrança que permanece é a daquele sacerdote que foi ao encontro de todos os tipos de pessoas com suas diferentes necessidades.”

O livro Frei Miguel Bottacin, capuchinho: seu testemunho cristão e franciscano será lançado no dia 3 de novembro de 2002, após a missa das 9h da manhã, na capela São Leopoldo Mándich, à Rua José Lacerda Junior, 273, Conjunto Oswaldo Cruz I, Cidade Industrial, Curitiba-PR. “Trata-se de colocar em prática uma das maneiras mais interessantes de fazer história na atualidade. Além de ser participativa, parte-se do presente para o passado, do local para o global e desperta-se os leitores para a consciência de que não estão sozinhos, pois, no mundo globalizado atual, a dimensão do local lhes dá a dimensão de comunidade que se torna referência, quando todas as demais referências desaparecem. Priorizou-se a acolhida da linguagem do imaginário popular e a união com o testemunho de professores e doutores, procurando fazer dos fatos e do imaginário a matéria prima deste trabalho”, afirma o autor, que durante dois anos pesquisou as fontes sobre frei Miguel.”

Jorge Antonio de Queiroz e Silva comenta que retira “da prática educacional a seiva para a prática de tal metodologia, tanto na função de professor do CEEBJA – Centro Educacional de Educação Básica para Jovens e Adultos Ayrton Senna da Silva, em Almirante Tamandaré-PR, no IBPEX-Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão, quanto na função de membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. A circularidade da cultura requer humildade e atenção para entender que a cultura flui da vida de todos, circula entre todos e enriquece a todos. Aliás, esse foi um dos maiores segredos de frei Miguel”.

Como resultado positivo deste trabalho, o livro traz o Nihil Obstat (expressão que significa nada obsta), do arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Pedro Fedalto, por reconhecer a importância de publicar as lutas que frei Miguel enfrentou para ajudar os menos favorecidos, os problemas que teve para erguer a creche e como batalhou para construir a capela. A Igreja afirma, deste modo, que a fé está ao alcance de todos e que, por mais que uma pessoa se julgue indigna de Deus, poderá dele se aproximar, pois Ele quer apenas que as pessoas lhe estendam as mãos para receber a imensidade de graças que tem a lhes dar. Enfatiza também que frei Miguel, em sua simplicidade, deixou exemplos atualizados de ajuda aos necessitados. Ele redistribuía rendas, pois ao atender os ricos, estes lhe davam dinheiro e alimentos que iam imediatamente para os pobres, ou seja, ele se tornava instrumento de justiça e fraternidade.

“O livro simboliza uma conquista importante para a Vila Nossa Senhora da Luz, para a cidade de Curitiba e para o Estado do Paraná, uma vez que eram muitas as pessoas, de diferentes lugares do País, que o visitavam para resolver suas dificuldades. Como o anjo São Miguel, ele viveu sua missão: conduzir as pessoas ao caminho reto para serem felizes. O livro é de fácil manuseio, favorecendo a leitura nas praças, no ônibus, nos parques e nas Igrejas. Serve de informação, de lazer e de meditação”, avalia o professor.

O livro Frei Miguel Bottacin, capuchinho: seu testemunho cristão e franciscano também poderá ser encontrado na Livraria do Chain, à Rua General Carneiro, 441, e nas Paulinas Livraria, à Rua Voluntários da Pátria, 225, no centro de Curitiba, a partir do dia 4 de novembro de 2002.

Zélia Maria Bonamigo

é jornalista, especialista em Mídia e Despertar da Consciência Crítica. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do ParanáE-mail:
zeliabonamigo@terra.com

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