O artista plástico Frans Krajcberg lança na terça-feira (20/09), às 18h30, o livro A natureza de Krajcberg (ed. GB Arte), com fotos tiradas por ele. O evento será no Espaço Cultural Frans Krajcberg, no Jardim Botânico, que abrigará também a partir do mesmo dia a exposição Fotos de Krajcberg.

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Às 18 horas, antes do lançamento do livro, Krajcberg e o prefeito em exercício Luciano Ducci assinam termo de doação de obras do artista para o Município.

As fotos reunidas neste novo trabalho fazem parte do arquivo pessoal de Krajcberg e, em mais de 90% das imagens, mostram retratos da beleza das matas brasileiras. Em formato de folha, feito a partir de um projeto de Márcia Barrozo do Amaral, o livro traz também citações de personalidades como Claude Lévi-Strauss, Chico Mendes, Leonardo Boff e Kofi Anan sobre a natureza e a importância da preservação.

Frans Krajcberg nasceu em abril de 1921 na cidade de Kozienice, Polônia. Filho de uma família de comerciantes judeus desaparecida em 1945 no holocausto, veio para o Brasil em 1948 e naturalizou-se brasileiro em 1954. Foi ainda na Europa, durante a II Guerra Mundial, que começou a pintar e a se interessar pela arte. Circulou, como membro de grupos de resistência, pela Polônia, Romênia e Rússia e, após a guerra, seguiu para Alemanha e depois para a França, com o objetivo de estudar arte.Sem trabalho e sem possibilidades de estudar, Krajcberg partiu para o Brasil.

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Aqui, Krajcberg também enfrentou dificuldades. Do Rio de Janeiro foi para São Paulo e de lá veio para o interior do Paraná, para trabalhar como desenhista de uma fábrica da família Klabin, na Fazenda Monte Alegre, em Telêmaco Borba. Sua estada no Paraná foi decisiva para os rumos que sua arte tomou a partir de então. Nesse período, na onda expansionista dos anos 50, Krajcberg constata que, ao seu redor, as árvores começam a ser queimadas para dar lugar a indústrias e à cafeicultura. Rio de Janeiro, Paris, Minas Gerais foram novamente pontos de parada de Krajcberg, que cada vez mais se acercou do ambientalismo, tanto do ponto de vista conceitual quanto estético.

Em 1972, Krajcberg fixou-se definitivamente em Nova Viçosa. Próximo ao mar, o artista passou a recolher do mangue e da floresta os materiais com que trabalha. Três expedições à Amazônia, em 1976, 1977 e 1978, reforçaram ainda mais suas convicções. Uma exposição em Paris, com obras desse período, foram a porta para o sucesso. Suas obras ganharam o mundo e hoje estão expostas em museus do Rio de Janeiro, São Paulo, Paris, New York, Buenos Aires, e em coleções particulares, brasileiras e estrangeiras.

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Inaugurado em 2003, o Espaço Frans Krajcberg, administrado pela Fundação Cultural de Curitiba, tem em exposição permanente 114 esculturas de grande porte, feitas com matéria-prima que Krajcberg retira da natureza para as suas criações, sempre no sentido de despertar a indignação contra as ações devastadoras do homem.

A galeria no Jardim Botânico é o principal espaço no mundo de exposição do trabalho de Krajcberg. Entre as obras que compõem o acervo do espaço estão esculturas, relevos e fotografias, além de vídeos, textos e publicações. A programação, a cargo da Fundação Cultural de Curitiba, envolve, além da exposição, mostras de vídeo, debates, seminários e outras ações que visem à educação ambiental e à discussão sobre artes visuais.

As obras estão subdivididas em grupos e classificadas pelo artista conforme as características do material ? palmas, árvores para cima, cipós, grandes volumes, mangue, queimadas, bolas, palitos e cascas. Os troncos de madeira queimada, retirados diretamente dos locais onde a depredação se fez presente, são os que mais identificam a sua obra, embora a preocupação com o meio ambiente tenha permeado toda a sua trajetória artística.