Foi-se o tempo, se é que existiu de fato, de que filmes de super-heróis eram vistos apenas como algo infantil e tolo, daqueles que a gente desliga o cérebro quando está assistindo. É comum nas produções deste gênero em fazer um longa sério, adulto, amarrando uma história em que uma figura que se veste de morcego, ou que usa um escudo, ou ainda um collant esquisito, seja verossímil para o público.
Neste ponto, a franquia X-Men, personagens da Marvel Comics, mas, que no cinema, é gerenciada pela Fox, nunca decepcionou. Misturando temas reais (como o preconceito) com outros mais fantasiosos (a própria condição dos personagens), os longas nunca tiveram dificuldades em transitar nestes dois mundos, gerando ótimos filmes.
Restava saber como X-Men – Dias de um Futuro Esquecido iria se comportar. Felizmente, tudo o que os fãs esperam da franquia estão aqui e, na minha opinião, vai além: estamos aqui diante do melhor filme já feito para estes super heróis.
Mesmo lidando com viagens no tempo, um assunto difícil de se explorar e que em mãos inábeis tornariam complicado o seu entendimento, o diretor Bryan Singer, aliado ao roteiro escrito a seis mãos entre Simon Kinberg, Matthew Vaughn e Jane Goldman, faz com que o espectador entenda como dois lados de uma mesma moeda, no caso Professor Xavier e Magneto (Patrick Stewart e Ian McKellen, respectivamente), estejam, mesmo diante de um histórico de grande rivalidade, unidos no futuro, ao combater os Sentinelas, robôs responsáveis por transformar a Terra em um inferno escuro tanto para humanos como para mutantes.
A fim de evitar esse futuro, a mente de Wolverine (Hugh Jackman) é enviada até o ano de 1973, para sua versão mais jovem. A tarefa do mutante canadense será árdua. Além de evitar o assassinato de uma figura importante no filme nas mãos de Raven/Mística (Jennifer Lawrence), ele terá que convencer um amargurado, depressivo e sem poderes Xavier (James McAvoy), a unir forças com um impulsivo e vingativo Magneto (Michael Fassbender). Enquanto isso ocorre, seus amigos terão que segurar as pontas no futuro e lutar contra os Sentinelas.
Mantendo sempre o clima de tensão e alternando bem as linhas de tempo, o filme ainda chama a atenção por conta das ótimas cenas de ação. Vejam como os X-Men se portam como uma equipe quando estão no futuro. Assim como nos quadrinhos, os poderes de cada um se complementam e eles nunca atacam sem uma que haja uma estratégia definida. O passado não ficou de fora da ação. Pelo contrário, rende um dos melhores momentos do longa, com a participação especial do mutante velocista Mercúrio (Evan Peters), durante o resgate de um dos personagens.
Mesmo diante de um elenco inchado, há espaço de sobra para que todos brilhem. Não há necessidade em dizer o quanto Patrick Stewart e Ian McKellen são excepcionais. Jennifer Lawrence mostra que não é só um rosto bonito, mas sim uma das atrizes mais talentosas de sua geração. James McAvoy e Michael Fassbender, que já haviam feito um grande trabalho no filme anterior, repetem a dose aqui. Veja a força e a intensidade do diálogo entre os personagens quando eles estão em um avião. Hugh Jackman mostra cada vez mais que será complicado achar um substituto quando ele decidir “aposentar as garras”. Peter Dinklage, o anão Tyrion Lannister de Game of Thrones, faz de seu Dr. Bolivar Task um vilão interessante, sem que seja maniqueísta, mas perigoso, ao ser movido por uma intensa curiosidade sobre os mutantes.
Após sair do cinema, acredito que os espectadores, assim como eu, irão indagar em como será complicado fazer o próximo filme dos X-Men, tamanha a boa impressão deixada aqui.
Para encerrar, um aviso. Há uma importante cena após os créditos, que tem ligação com o sucessor de Dias de um Futuro Esquecido.
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