“Você que não é suficiente”, diz Claire Underwood (Robin Wright), ao marido Frank, impressionantemente vivido por Kevin Spacey. O presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição havia acabado de chegar a Washington D.C., após uma vitória nas prévias em Iowa, um Estado importante para que Underwood garanta o posto como candidato republicado nas eleições do país.

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O presidente respira fundo. Fica em silêncio por segundos, encarando o Salão Oval, no coração da Casa Branca. A relação dos Underwoods está desmoronada. Ao longo da terceira temporada de House of Cards, fica evidente como a principal força do político, seu alicerce sólido, a esposa e até então primeira-dama, descia uma ladeira íngreme digna do bairro de Perdizes – e subir, ou escalar, de volta é das tarefas das mais difíceis. A força dos Underwoods sempre foi a união. Um casal como pouco se viu. Galgaram, juntos, posições dentro da conturbada agenda política norte-americana. De presidente do Congresso até vice-presidente. E, depois, derrubaram o conhecido como homem mais poderoso do mundo. Chegaram ao Salão Oval com sangue nas mãos, mas chegaram.

Estar no topo, contudo, é mais difícil do que Frank e Claire poderiam imaginar. Ao longo do terceiro ano, o casal em clima já frio, congela. Claire pede que Frank a tome em seus braços de forma selvagem, o presidente nega, eles brigam. O que era somente uma desavença resultou na cena final da terceira temporada. E assim chega o quarto ano, que estreia no Netflix nesta sexta, 4, com todos os 13 episódios disponíveis de uma só vez, como é de praxe nas produções próprias do serviço, como Demolidor, Jessica Jones e Orange Is the New Black.

O novo e quarto ano é, de alguma maneira, o fim de um ciclo. Mesmo que a série tenha sido renovada e vá ganhar uma quinta temporada, ela não terá mais à frente Beau Willimon, seu criador. A saída deixa clara a ideia há algum tempo especulada de que House of Cards teria a duração de um mandato. Underwood galgando posições no cenário político, até enfrentar, finalmente, uma eleição e, talvez, perder – o posto, a sanidade, a vida? Ao anunciar um quinto ano, a Netflix enfraquece o próprio produto. Sabe-se que Underwood sobreviverá à eleição, de alguma forma. Perdendo ou ganhando, teremos Kevin Spacey ainda como o político mais sem escrúpulos que se tem notícia (seria mesmo?).

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Debates futurólogos deixados de lado, a quarta temporada não será a derradeira e, ainda, introduzirá uma nova leva de personagens à vida de Frank e Claire. Veterana, Ellen Burstyn traz a experiência de quem tem na estante um Oscar, um Globo de Ouro, dois Emmys e até um Tony, ao seriado, como Elizabeth Hale, a mãe de Claire. Cicely Tysonand, outra vencedora de Emmy e Tony, entra na trama como uma experiente congressista texana. As novidades do elenco ainda incluem Neve Campbell (dos filmes de Pânico) e Joel Kinnaman (da série The Killing e do remake de RoboCop, dirigido por José Padilha).

Embora tragam molho à trama, tudo ainda vai girar em torno dos personagens velhos conhecidos. Além de Claire e Frank, uma peça importante no jogo de poder de House of Cards está de volta. Doug Stamper (Michael Kelly) cruzou a própria jornada pessoal, ao longo da terceira temporada. Viveu sua recuperação, precisou provar o valor ao presidente, de faz-tudo a braço direito político. Retornou, derramou sangue alheio e está pronto para um novo ano. Enquanto isso, Frank precisará lutar para ter Claire de volta. Graças ao carisma dela, o político conseguiu vencer algumas eleições preliminares. No fim da terceira temporada, contudo, ela o deixou. E o máximo que ele conseguiu fazer foi chamá-la. “Claire”, suplicou e ficou sem resposta.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.