O filósofo e escritor Francisco Bosco foi empossado nesta sexta, 27, na presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte) pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, com o desafio de devolver à instituição prestígio e relevância, e de reestruturar suas atividades – isso tudo com um orçamento minguado, que deve ser ainda menor do que os já parcos R$ 163 milhões do ano passado (esperam-se cerca de R$ 160 milhões).
Até dezembro o ministro espera que o projeto dessa nova Funarte esteja pronto, para ser executado a partir de 2016.
“Tem orçamentos que realizam ideias, mas tem ideias que realizam orçamentos. A gente tem um trunfo que é o respaldo do MinC, que trata a Funarte como prioridade”, disse Bosco após a posse, acompanhada por cerca de 400 pessoas, entre servidores, políticos e artistas (o pai dele, o cantor e compositor João Bosco, não foi). “A Funarte deixou de produzir acontecimentos relevantes para a cultura. Esse primeiro ano vai ser dedicado à Comissão Nacional das Artes, para a formulação de políticas públicas que serão implementadas a partir de 2016”.
A falta de experiência em gestão não o aflige, tampouco ao ministro e aos funcionários ouvidos pela reportagem. O que se espera de Bosco são ideias inovadoras que dinamizem as cinco áreas de atuação da Funarte, música, artes visuais, teatro, dança e circo, e que coloquem a instituição, cuja atribuição principal são o fomento dessas artes e sua democratização, no patamar atingido nos anos 1970 e 1980, quando viveu seu auge, afirmou o ministro.
“O orçamento é baixíssimo, e isso se deve também à perda de relevância da Funarte. O mesmo aconteceu com o MinC”, apontou Ferreira, lembrando o ganho em recursos entre sua chegada ao ministério, em 2003, como secretário-executivo do ministro Gilberto Gil, e saída, em 2010, como titular da pasta. Ele reconheceu que a Funarte foi negligenciada nesse primeiro período e ratificou o compromisso de olhá-la agora como prioridade. Chegou a colocar essa mudança de tratamento como a marca que vai distinguir suas duas passagens pelo cargo. “Nós ficamos a dever com a Funarte e com a arte no Brasil, que ficou secundarizada”, assumiu o ministro, que pediu a Bosco atenção à fotografia e às novas tecnologias.