Francis Hime é da turma da velha guarda da música e dispensa apresentações. Para isso, basta dizer que ele foi parceiro de mestres como Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Baden Powell, Edu Lobo, Dorival Caymmi e Chico Buarque. É uma lista que não tem fim. Aos 71 anos, ele não para. Nesse mês, ele está lançando dois trabalhos completamente diferentes.
O primeiro é um DVD, “Tempo das Palavras”, no qual registra seu último espetáculo, feito no Sesc Pinheiros, com canções instrumentais de filmes como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, além de apresentar canções inéditas e alguns clássicos de sua carreira. O outro trabalho é o CD “Concerto para Violão e Orquestra”, lançado com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). O álbum traz um concerto para violão e orquestra composto por Hime e um concertino para percussão e orquestra, criado por Nelson Ayres.
“Esse concerto de violão é um xodó meu. Comecei a compor essa obra na década de 80”, diz Hime. Para executá-lo, convidou o solista Fábio Zanon e no comando das batutas está Alondra de La Parra, jovem maestrina mexicana que regeu pela primeira vez no Brasil durante esse concerto. “Quando escrevi esse concerto ele era cheio de compassos. Compor é cortar e cortar é uma arte”, garante. “Foram anos com um violão imaginando posições e escalas”.
É nesse ponto que entra a complexidade de Hime. Ao mesmo tempo em que ele se consagrou como um dos grandes nomes da música popular brasileira, ele também pode se considerar membro do clube dos compositores de música clássica para violões, patamar só atingido por mestres como Villa-Lobos e Radamés Gnatalli. “Acho que compor música popular é como escrever um conto e compor música clássica é como escrever um livro”, explica.
Francis Hime acredita que a idade tem feito compor mais e melhor. “A partir dos 60 anos eu passei a compor de forma mais quantitativa”, diz. “Você descobre a finitude da vida e enxerga em você elementos que te levam a criar mais”, explica. E, pelo menos outros dois projetos já estão engatilhados para 2011. No mês que vem, Francis pretende terminar de compor um concerto para violino e em seguida, fazer um para harpa e orquestra. “Não vemos muitos concertos para harpa, por isso vou escrever um.” As informações são do Jornal da Tarde.