Dois dos três filmes de Woody Allen que o diretor norte-americano mais gosta estão na caixa que a Fox Home Entertainment lança esta semana com duas dezenas de suas melhores obras, do ultrajante “Bananas” (1971), crítica mordaz ao radicalismo de guerrilheiros latinos, ao intelectual “Melinda e Melinda” (2004), passando por “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “Zelig” (1983), “Setembro” (1987) e “Neblina e Sombras” (1991). Os dois filmes anteriormente citados como os favoritos de Allen são “Memórias” (1980) e “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985). O terceiro da lista não está na caixa: é o recente “Match Point” (2005).

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A seleção da Fox contempla grandes momentos da carreira do diretor e os títulos podem ser adquiridos separadamente. Todos tiveram seus preços reduzidos para venda individual, de R$ 24,90 para R$ 19,90. O box completo com os 20 títulos custa R$ 249,90. Embora não tragam extras adicionais às cópias que circulavam anteriormente (Allen jamais grava extras ou revê seus filmes), os títulos justificam o investimento. De alguma forma, eles sintetizam uma carreira de mais de 40 anos no cinema, marcada sobretudo pela experimentação – há tanto a screwball comedy, em que vale tudo (“O Dorminhoco”, 1973), como o intimista exercício bergmaniano de “Interiores” (1978), incluindo incursões nostálgicas na biografia do realizador e no passado histórico americano – “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985) e “A Era de Rádio” (1986).

Em todos esses filmes, as mudanças de registro são exercícios de um intelectual que fez do cinema uma espécie de laboratório de gêneros – da comédia escrachada (“Bananas”) ao melodrama (“Simplesmente Alice”, 1990), esbarrando no horror moderno (o do serial killers em “Neblina e Sombras”). Esse fio tênue que separa os gêneros, aliás, é discutido em “Melinda e Melinda”, em que Allen conta uma mesma história em duas diferentes versões, uma cômica e outra séria. Essa mudança de perspectiva é orientada pelas duas maiores fixações de Allen, o soturno Ingmar Bergman e o festivo Federico Fellini.

Já “Memórias” inaugura outra fase de Woody Allen nos anos 1980, a dos filmes com reminiscências da infância e da adolescência. Esse filão rendeu filmes engraçadíssimos como “A Era do Rádio” (1987) e “Broadway Danny Rose” (1984). Muitos defendem que foi a época de ouro de Allen, mas, a considerar seu último filme, “Tudo Pode Dar Certo”, ele ainda está em plena forma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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