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‘Foucault Contra Si Mesmo’ traz principais ideias e polêmicas do filósofo francês

Foucault Contra Si Mesmo – o título de François Caillat não poderia ser mais adequado. Michel Foucault (1926-1984) foi pensador sui generis. Não fundou uma escola. Escrevia como se um livro contraditasse o anterior. Filósofo, tornou-se historiador de método e estilos próprios. Dono de prosa antiacadêmica, fez os passos da carreira universitária, chegando à cátedra do prestigioso Collège de France.

Esse personagem singular tem seu percurso analisado por diversos especialistas – entre eles, seu biógrafo, Didier Eribon. O quadro dos depoimentos é sempre o mesmo, o imponente grande salão da Biblioteca Nacional, em Paris. Entremeadas aos depoimentos, algumas imagens de arquivo e entrevistas feitas com o próprio Foucault. Em suma, trata-se de documentário de feitio convencional, tendo por personagem um intelectual transgressor.

Essa trajetória é lembrada pela sucessão das obras mais importantes: História da Loucura na Idade Clássica (1961), As Palavras e as Coisas (1966), Vigiar e Punir (1975), História da Sexualidade (1976), Microfísica do Poder (1979), entre outras. Lembram-se alguns conflitos e polêmicas. As contendas com historiadores por seu estudo sobre a relação entre a sociedade e seus párias. A divergência com os marxistas por sua posição estruturalista e anti-humanista em As Palavras e as Coisas. As discussões com a esquerda sobre as relações entre o poder central e os micropoderes.

Foucault crescia na controvérsia. Pesquisador intensivo, ensaísta e escritor, achava indispensável a experiência da rua. É visto nos bulevares do Maio de 68 ao lado de Sartre e Deleuze. Em frente a presídios, em episódios de rebelião penitenciária. Frequentador das comunidades gays de San Francisco, nelas via esperança de reinvenção, não apenas sexual, mas social.

Há um fio condutor em trajetória tão rica de nuances e contradições? O próprio Foucault, em uma das entrevistas, arrisca-se a dizer que seu pensamento volta-se sempre sobre aquilo que se torna problema para a sociedade – o louco, o prisioneiro, o homossexual. Pensa sobre o que dói, incomoda e é reprimido. Escreve de forma aguda sobre as estratégias do poder e dos micropoderes que tentam dar conta desses “problemas”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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