“Fotografia, para mim, é o melhor jeito de aproveitar a vida.” Palavras de Thomaz Farkas, de 86 anos, que inaugura nova exposição e lança livro hoje no Instituto Moreira Salles em São Paulo. “Thomaz Farkas: Uma Antologia Pessoal” (IMS – R$ 85), reunião de mais 40 anos de produção fotográfica. Muitas imagens são inéditas garimpadas por seus filhos João e Kiko e pela equipe do IMS. Um mergulho inédito num total de 34 mil imagens que desde 2007 integram em comodato o acervo do instituto.

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Fotógrafo amador, amante das imagens e, talvez, mais profissional do que muitos, Thomaz tem a paixão de enxergar o mundo através de um visor. Sua primeira câmara ele ganhou ainda criança de seu pai. A família, o bairro do Pacaembu, seus amigos foram os alvos de sua fotografia. Nascido em uma família dedicada à imagem – seus avós já tinham loja de fotografia na Hungria, a família Farkas já está na quinta geração dedicada à imagem, seja por meio da fotografia, seja por meio do cinema. Aliás a Hungria nos deu ótimos fotógrafos. Apenas para citar alguns, Brassai e Robert Capa. “Falamos uma língua que ninguém entende, então, nos comunicamos pela fotografia e pela música”, costuma brincar Thomaz.

Mecenas e incentivador da fotografia no Brasil, Thomaz fotógrafo somente se tornou conhecido como tal a partir do fim dos anos 1990 quando resolve vasculhar seus arquivos e mostrar suas imagens que começaram a ser feitas quando ele, aos 18 anos, em 1942, passou a integrar o Foto Cine Clube Bandeirante e ajudou a transformar a fotografia brasileira – até então era ligado a uma imagem naïf do pictorialismo -, para nos trazer uma imagem mais ligada à modernidade. Amante do Brasil, quis fotografar, filmar e registrar o que existia de identidade brasileira, mesmo durante os duros anos da ditadura brasileira. Como escreve seu filho João: “Muito influenciado por uma visão de mundo à esquerda, o Thomaz levava sua curiosidade e seu espírito empreendedor para as fronteiras do registro e da busca da transformação da vida social”.

Como amador – não preso a compromissos profissionais -, seu olhar é solto e gravita pelas mais variadas instâncias da vida brasileira: dos retratos, à fotografia da urbe, à inauguração de Brasília, à sua expedição fotográfica pela Amazônia com o compositor Paulo Vanzolini, no fim dos anos 70 (aliás, as únicas fotos coloridas). Imagens de um Brasil capturadas por alguém com alma humanista, que tentava descobrir por meio da fotografia o mundo que nos cercava: “É ver, descobrir paisagens, pessoas, caras, grupos, ruas, fachadas, praças – todos trabalhando, brincando, folgando, comendo, dançando. Tudo isso é a nossa vida”, declarou Thomaz para o curador Diógenes Moura, em agosto de 2010. Assim é Thomaz Farkas, assim é sua fotografia, uma ode à imagem. Um fotógrafo que não sai de casa sem sua câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Thomaz Farkas: Uma Antologia Pessoal – IMS (Rua Piauí, 844). Tel. (011) 3825-2560. 13h/19h (sáb. e dom., 13h/18h; fecha 2ª). Grátis. Até 3/4. Abertura hoje, 19h30.