Mais legal do que você ver um show de uma banda que você gosta, é voltar para a casa se sentindo valorizado pelo artista que você admira. Assim podemos definir como voltaram os 22 mil fãs de Foo Fighters, depois do show da banda americana na Pedreira Paulo Leminski, nesta sexta-feira (2). A passagem dos estadunidenses pela capital do Paraná levou gente de todas as idades, inclusive crianças que cantaram tudo do começo ao fim.
A previsão era de chuva, mas parece que São Pedro resolveu colaborar e o breve chuvisco que atingiu a Pedreira não foi o suficiente para espantar o público. Aos poucos, os fãs foram chegando e muitos até aproveitaram para comprar os ingressos ali mesmo, na hora.
O esquenta começou com a banda brasileira Ego Kill Talent que, como previsto, não se estendeu muito no palco. O público começou a se aproximar quando ouviu os primeiros acordes de Josh Homme, que fez com que o chão começasse a dar indícios de como seria logo mais.
O repertório do grupo da Califórnia não mudou muito com relação ao de São Paulo, mas com algumas poucas mudanças. Como já era esperado, Go With The Flow, No One Knows e The Lost Art Of Keeping a Secret, foram mantidas na lista.
Fez tremer mesmo!
Alguns fãs esperavam aflitos ao começo do show dos “jovens senhores” de Washington. Este foi o caso de Jean Pierre Lamour, que tinha o ingresso, mas teve que se virar nos 30 para conseguir o da esposa, Sabrina Lamour, que acreditou até que acabaria não indo. “Nós participamos de uma maratona pelo Foo Fighters Brasil (um fã clube nacional dedicado à banda) e tínhamos que cumprir algumas regras. Corremos feito loucos e no fim das contas conseguimos”, contou.
Com o ingresso da esposa nas mãos, o casal decidiu que não conseguiria dormir e tomou uma decisão maluca para muitos, mas não para eles: “Chegamos ao portão às 23h de quinta-feira (1). Dormimos muito pouco, mas a nossa ideia era conseguir ficar na grade”, detalhou Jean, que conseguiu ficar bem de frente – praticamente cara a cara – a Dave Grohl.
Pontualmente às 21h30 e superando a expectativa de público, a entrada de Dave Grohl fez com que o enorme campo com as milhares de pessoas virasse um único coro, gritando o nome da banda. Foo Fighters tocou muito, mas também fez com que os fãs se sentissem ainda mais apaixonados, porque simplesmente pareciam não querer ir embora.
O repertório usado em Curitiba, comparado com o do Rio de Janeiro, que foi o primeiro show da passagem do grupo pelo Brasil, mudou um pouco. A banda mexeu na ordem de algumas músicas e tirou Make It Right Under e o cover My Wheels (Alice Cooper).
O que mais impressionou é que foram 2h30 de apresentação e parecia que o público não se cansava em momento algum. O destaque, além da alegria em estar ali naquele palco, ficou para a interação de Dave com os fãs, que o tempo todo disse que amava seu público (ainda que brincando com alguns palavrões, mas nada além do comum).
Pequenos fãs
Além da capacidade da Pedreira Paulo Leminski ter sido quase esgotada (o limite eram 24 mil ingressos), o que impressionou foi a quantidade de crianças que foram acompanhadas pelos pais. Visivelmente, a família toda dividia o mesmo gosto musical, mas alguns demonstravam ter certa ‘independência’ neste sentido, o caso de Eduardo Marcolin Vasconcellos.
Com apenas seis anos, o menino ficou extremamente feliz quando soube da surpresa que seus pais lhe deram: o ingresso para o tão esperado show. “Ele curte os caras desde os dois anos. Há um ano faz aula de bateria, mas tem muita música que já tirou sozinho de tanto ouvir e assistir os vídeos deles”, contou a mãe, Daniela Marcolin Vasconcellos, que estava também com o marido, Carlos Alberto de Moraes Vasconcellos.
Embora a família toda tenha se divertido com a apresentação dos americanos em solo curitibano, quem mais aproveitou foi mesmo ele, Eduardo. “O único problema foi a demora, pois tinham outras bandas e chegamos cedo. Ele aguentou bem, até perto das 23h, mas já estava exausto e pediu para ir embora”, disse Daniela. Aos pais, o menino definiu bem o que sentiu nesta sexta-feira: “Disse que foi o melhor show da vida dele”, finalizou a mãe.
Energia incrível
Em resumo, pode se dizer que o show não foi uma simples apresentação de música. Embora o estilo da banda seja o rock n’ roll, o que inclusive Dave Grohl fez questão de enfatizar durante a apresentação, dizendo que o rock não morreu, foi possível entender o que o grupo quis deixar com sua passagem pela cidade: respeito e carinho pelas pessoas que lhes fizeram chegar ao topo.
Uma das críticas mais comuns, em se tratando de grandes shows, é a quantidade de pessoas que se dirigem a esse tipo de evento para conseguir o copo com o logotipo da banda ou para angariar likes nas redes sociais. Apesar de algumas pessoas terem feito jus a essa crítica, o que se percebeu foi uma grande quantidade de fãs e admiradores da banda, que sabiam, e fizeram questão, de cantar todas as músicas do set list, o que mostrou que não só o Foo Fighters, mas o rock em si, continua a ter o seu público fiel.
Apesar de ter feito um show impecável tecnicamente, e de ter agitado o público, o Queens Of The Stone Age serviu como um grande mestre de cerimônias para o Foo Fighters, que hipnotizou o público desde o primeiro instante. O apelo da banda foi tão grande que, mesmo não conseguindo comprar ingressos, teve gente que se arriscou e conseguiu descobrir meios “alternativos” para acompanhar o show.
Foo Fighters trouxe um show no melhor sentido da palavra e a lua cheia, que se manteve na direção do palco o tempo todo, foi uma “cereja a mais” para a sintonia impecável entre músicos e fãs. A turnê das duas bandas foi histórica e já entra para a galeria da Pedreira como um dos eventos mais certeiros já realizados no local. O último show da turnê pelo Brasil é no próximo domingo (4), em Porto Alegre (RS).
*Colaborou com o texto Henrique Romanine.