Eterna magia já passou por vários percalços nos quatro primeiros meses de exibição, principalmente quando o tema abordado é a bruxaria. Por isso, Elizabeth Jhin e Ulysses Cruz investem cada vez mais nos atores mais experientes do elenco na atual condução da trama. O triângulo amoroso principal composto por Malu Mader, Thiago Lacerda e Maria Flor em momento algum chegou a empolgar com suas atuações. Por isso, as oportunas intervenções dos personagens de Irene Ravache, Eliane Giardini, Werner Schünemann e, principalmente, Cássia Kiss têm sido fundamentais à sobrevivência da novela das seis da Globo, que chafurda na fraca média de 23 pontos de audiência no Ibope.
Cássia Kiss seguramente é o maior destaque no plantel da novela. Ao interpretar a maldosa Zilda, a atriz consegue tornar possível a sobrevida dada à magia no folhetim. Sua personagem é quase uma mistura de duas antagonistas interpretadas por grandes atrizes do cinema norte-americano. Um toque de Meryl Streep, encarnando a editora Miranda Priestly, em O diabo veste Prada, e uma pitada de Glenn Close, a Cruela De Vil, do infantil 101 dálmatas. O misticismo proposto na premissa da novela se sustenta, e muito, pela atuação segura da atriz, que se não tiver os mesmos elogios de sua personagem Ilka Tibiriçá, em Fera ferida, é por se tratar de uma novela das seis.
Irene Ravache também dá um grande apoio à trama. Depois de sua personagem Loreta começar com um ar meio caricatural de Perpétua, personagem de Joana Fomm, em Tieta, a mulher alcançou a redenção e nos capítulos atuais encontra o amor em Doutor Rafael, personagem de Luiz Mello. O grande achado desta união é que o Doutor é ex-marido da megera Zilda e o número de cenas entre as duas atrizes provavelmente aumentará. Sem contar o caso de amor entre Max Sullivan, de Werner Schünemann, e Pérola, feita por Eliane Giardini, que pouco a pouco torna-se o casal mais importante da novela.
No núcleo principal, o desenrolar anda meio confuso. Nina e Eva – Maria Flor e Malu Mader, respectivamente – se alternam no posto de irmã boa e irmã má. No lado masculino, Conrado, de Thiago Lacerda, é a verdadeira ?mocinha? da trama. Aquele que sofre de um lado, sofre de outro, não sabe a quem amar, mas todos sabem que vai dar tudo certo com ele no final. Lucas, personagem de Cauã Reymond, o quarto homem neste triângulo, está longe da cidade de Serranias, onde tudo acontece. Ele virou escritor de radionovelas e está no Rio de Janeiro, sozinho e infeliz. Cauã melhora sua atuação a cada novela, mas sua desaparição é um dos sintomas de que as histórias ?secundárias? dominam mesmo a atual fase da novela das seis.
Quanto aos outros aspectos da novela, como a caracterização, estão impecáveis. Apesar de problemas especificamente no enredo de Eterna magia, as histórias de época tomaram conta do horário das seis. A última sem esta característica foi Como uma onda, folhetim finalizado em junho de 2005. E, pelo visto, uma mudança não está no ?script? da Globo. A próxima novela será, outra vez, um drama histórico. Trata-se de Milagre do amor, de Walther Negrão, prevista para estrear em novembro.