Enquanto o ministro do STF Luís Roberto Barroso era seguido por “fãs” e discutia numa mesa um tema espinhoso e urgente como a judicialização da política, do outro lado do centro histórico de Paraty um grupo de jovens subia num barco ancorado para debater literatura, mercado editorial e também outros temas políticos. A 16ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) terminou neste domingo, 29, com a cara mais diversa da Festa nos últimos anos.

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Avaliada como “extremamente positiva” pela produção da Flip, a parceria com as casas colaborativas de editoras, veículos de comunicação e entidades floresceu e trouxe mais gente para a cidade. Ainda não há um número fechado, mas a ocupação das ruas era visivelmente maior do que em 2017.

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As mudanças têm o dedo da curadora Joselia Aguiar que, desde o ano passado, trouxe a preocupação de expandir os horizontes da Flip, levando mais autores mulheres e negros para a programação principal, mas também oferecendo espaço para editoras pequenas.

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“Em 2017, os autores estavam na programação para falar de vários assuntos, não só disso, mas era o que sempre aparecia nas notícias. Como este ano a homenageada era Hilda Hilst, que trata de temas como amor, morte, Deus, as pessoas mudaram a chave”, comentou. Para ela, essa face da Flip se estabilizou. “Vai ser assim sempre”, disse. A organização não confirmou se a jornalista continua no comando.

Entre as novidades prometidas para 2019, um aplicativo e um painel de LED a ser instalado na Praça da Matriz com a programação de todas as casas parceiras – como os espaços atuam de maneira independente, é difícil acompanhar a lista de eventos ou mesmo produzir material impresso com antecedência. Segundo a produção, 90% dos assentos da Tenda do Autores foram ocupados, com 6.820 pessoas passando ali até o sábado.

O clima entre as editoras independentes era de missão cumprida com sucesso. “Tivemos a Casa Libre e Nuvem de Livros cheia todo o tempo, ápice na homenagem a Marielle Franco”, diz a editora Raquel Menezes, presidente da Liga Brasileira de Editoras. “Mais de cem pessoas estavam do lado de fora para ouvir Conceição Evaristo.” Para ela, a Flip 2018 confirma que a Flip 2019 será palco para as independentes.

E um tom nostálgico marcou a última mesa de debates da 16ª Flip, no domingo, 29. Três artistas que tiveram um contato próximo com Hilda Hilst relembraram momentos que ajudaram a compor seu perfil. “Hilda era rock’n’roll, uma mulher irreverente e original”, comentou o músico Zeca Baleiro, que lançou um disco com poemas dela como letra. “Apesar de viver um personagem, ela falava com sinceridade”, atestou o fotógrafo Eder Chiodetto, que registrou imagens de Hilda para o livro O Lugar do Escritor. “Hoje, percebo que escolhi encenar O Caderno Rosa de Lori Lamby porque é sua obra mais alegre”, confessou a atriz Iara Jamra, sobre o trabalho que interpretou nos anos 1990.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.