A 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, começa hoje em grande estilo, com a conferência do crítico e ensaísta Antonio Cândido sobre Oswald de Andrade, o homenageado deste ano. Apesar da inquestionável qualidade, o pronunciamento assumiu ares políticos com a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff prestigiar o evento (na manhã de ontem, ela cancelou sua participação). No ano passado, a abertura ficou a cargo de Fernando Henrique Cardoso, o que despertou insinuações, mesmo que a palestra tenha sido brilhante.

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A nova Flip, porém, deverá ser marcada pelo crescimento do uso mercadológico da marca – além das tradicionais mesas do evento (que, nesse ano, dará mais ênfase à ficção que edições anteriores, na avaliação de seu novo curador, Manuel da Costa Pinto), uma infindável opção de encontros estará à disposição dos visitantes, em um número agora recorde. Isso porque, além das habituais Flipinha (braço infantil e educativo), Flipzona (ao público adolescente), Off Flip e Casa de Cultura, surgem dois novos espaços: a Casa do Instituto Moreira Sales e a Casa do Sesc.

A primeira terá atrações como a exposição em edição fac-similar digital de trechos do livro “O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo”, de Oswald de Andrade, e também a Rádio Batuta, da webrádio do IMS, que vai estrear o programa “Prefácios”, com gravações ao vivo com escritores. Já a segunda terá uma biblioteca.

Tudo obviamente gira em torno da Flip que, apesar das desistências (Antonio Tabucchi e Michel Houellebecq foram as mais sentidas), permitirá um contato com jovens talentos, como os argentinos Pola Oloixarac e Andrés Neuman, além do angolano valter hugo mãe (escreve-se assim mesmo, com minúsculas). Todos figuram em praticamente todas as listas de escritores promissores.

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O Brasil será representado principalmente por João Ubaldo Ribeiro que, depois de recusar participar da edição de 2004, quando julgou que receberia o tratamento de um coadjuvante, agora chega como estrela. Já o lado pop estará garantido por David Byrne, que vai falar, entre outros assuntos, sobre sua predileção de andar de bicicleta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Programação

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Hoje

19 h – Conferência Oswald de Andrade: Devoração e Mobilidade, com Antonio Candido e José Miguel Wisnik.

21h30 – Show com Zé Miguel Wisnik, Celso Sim e Elza Soares.

Amanhã

10 h – A escrita e o território, com Michèle Petit, Dominique Gauzin-Müller e Marie Ange Bordas; media Alberto Martins.

12 h – Lírica Crítica, com Carol Ann Duffy e Paulo Henriques Britto; mediação Liz Calder.

15 h – Marco Zero Modernista, com Gonzalo Aguilar e Marcia Camargos; mediação Marcos Augusto Gonçalves.

17h15 – Ficções da Diáspora, com Caryl Phillips e Kamila Shamsie; mediação Ángel Gurría-Quintana.

19h30 – O Humano Além do Humano, com Miguel Nicolelis e Luiz Felipe Pondé; mediação Laura Greenhalgh.

Sexta-feira

10 h – Viagens Literárias, com Andres Neuman e Michael Sledge; mediação Claudiney Ferreira.

12 h – Pontos de Fuga, com Pola Oloixarac e valter hugo mãe; mediação Ángel Gurría-Quintana.

15 h – Laços de Família, com Péter Esterházy e Emmanuel Carrère; mediação Paulo Schiller.

17h15 – Ficções da Diáspora, com Ignácio de Loyola Brandão e Contardo Calligaris.

19h30 – A Ética da Representação, com Claude Lanzmann; mediação Márcio Seligmann-Silva.

Sábado

10 h – No Calor da Hora, com Enrique Krauze e John Freeman; mediação João Cezar de Castro Rocha.

12 h – A História em HQ, com Joe Sacco; mediação Alexandre Agabiti Fernandez.

15 h – Ficção Entre Escombros, com Marcelo Ferroni, Edney Silvestre e Teixeira Coelho; mediação Claudiney Ferreira.

17h15 – Alegorias da Ilha Brasil, com João Ubaldo Ribeiro; mediação Rodrigo Lacerda.

19h30 – Lugares Escuros, com James Ellroy; mediação Arthur Dapieve.

Domingo

10 h – Pensamento Canibal, com Eduardo Sterzi e João Cezar de Castro Rocha; mediação Manuel da Costa Pinto.

11h45 – Tour dos Trópicos, com David Byrne e Eduardo Vasconcellos; mediação Alexandre Agabiti Fernandez.

14h30 – Em Nome do Pai, com Laura Restrepo e Héctor Abad; mediação Ángel Quintana.

16h30 – Macumba Antropófaga (leitura de livros de cabeceira). Teatro Oficina Uzyna Uzona.