Pânico. Foi assim que Juliana Silveira se sentiu ao receber o convite do diretor Ricardo Waddington para interpretar Júlia, a protagonista da nova fase de “Malhação”. Afinal, a atriz só teria 48 horas para compor o perfil da personagem, decorar um calhamaço de capítulos e dar início a uma rotina estafante de gravação. Mesmo assim, ela não recusou o convite. E nem poderia. Há um ano, ela esperava ansiosamente por uma oportunidade dessas para voltar à ativa.
“A espera foi angustiante. A toda hora, eu me perguntava se era isso mesmo que queria para mim. Às vezes, não sabia o que responder…”, admite.
As dúvidas se dissiparam quando Juliana pôs os pés no Projac. A recepção, garante, não poderia ser melhor. “É impossível não se sentir bem ali. Todo mundo é de paz!”, empolga-se. Em “Laços de Família”, onde interpretou Patrícia, a “melhor amiga” da Ciça vivida por Júlia Feldens, Juliana não gravava mais do que três cenas por semana. Hoje, esse número aumentou para 20 cenas por dia. “O primeiro mês foi pauleira. Tive medo de adoecer e atrapalhar a produção”, confessa a atriz, que passou a tomar vitamina C e reforçou a alimentação.
Em ordem
O pior, porém, já passou. Atualmente, ela se dá ao luxo de fazer ginástica e marcar consulta no dermatologista. Juliana só não conseguiu retomar o terceiro ano do curso de Publicidade. O jeito foi trancar a matrícula. “Graças a Deus, voltei a levar uma vida normal!”, regozija. A alegria de Juliana só não é maior porque ela se viu obrigada a recusar um convite para participar das filmagens de “Benjamin”. Na última hora, ela teve de ser substituída por Cléo, filha de Glória Pires. “Quando não tinha nada para fazer, não aparecia nada. É sempre assim…”, lamenta, dando de ombros.
Desde que começou a gravar “Malhação”, Juliana limita-se a ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Na hora de compor Júlia, a menina do interior que resolve estudar na cidade grande, ela foi buscar inspiração na própria trajetória. Aos 12 anos, Juliana trocou a cidade de Santos, no litoral paulista, pelo Rio, onde trabalhou, por cinco anos, como assistente de palco de Angélica. “Passei pelo que ela está passando. Chega uma hora que todo jovem sonha em levar uma vida independente”, analisa.
Assédio
Logo no início das gravações, Juliana não tinha tempo para sair às ruas e avaliar a repercussão da personagem. A primeira vez que jantou fora, no entanto, superou todas as expectativas. Ela estava numa churrascaria na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com o namorado, Rodolfo Medina, filho do publicitário Roberto Medina, quando uma mesa repleta de adolescentes fez a maior algazarra. “Eles fizeram até fila para pedir autógrafo. Quase não consegui jantar”, diverte-se.
A boa repercussão da personagem pode ser estimada também pelo número de cartas que a atriz recebeu em menos de um mês de “Malhação”. Desde os áureos tempos de “angeliquete”, quando tinha até fã-clube, Juliana não via sua modesta caixa de correspondência tão abarrotada. “Não contei quantas cartas recebi, mas ainda não sou nenhuma recordista da Globo”, ressalva.
Por conta do ritmo intenso das gravações, Juliana não tinha tempo sequer para assistir a “Malhação” e, assim, avaliar seu rendimento. O jeito foi telefonar para uma amiga e pedir que ela gravasse todas as cenas de Júlia. Na primeira folga que teve, a atriz tirou o dia para assistir a duas fitas, com quase quatro horas ininterruptas de Juliana Silveira. Como geralmente acontece com quem está começando, ela não gostou muito do que viu. “De vez em quando, me pego fazendo umas caretas horríveis…”, imagina.
A atuação de Juliana Silveira, porém, conseguiu agradar a uma telespectadora muito especial de “Malhação”: a autora Andréa Maltarolli. Satisfeita com o desempenho da moça, ela não resistiu e telefonou para elogiá-la. Juliana quase não acreditou no que ouviu. “Sempre acho que está horrível, mas fico satisfeita quando o elogio vem de alguém de fora. É sempre bom receber parabéns”, acrescenta, encabulada.