Termina neste domingo a 53.ª edição do Festival de Berlim, que oferece uma enorme quantidade de filmes candidatos aos próximos Oscar, mas nenhum latino-americano, pois o selecionador Dieter Kosslick não encontrou nenhum dessa parte do continente digno de representá-la.
Seguindo os passos de seu predecessor, Moritz de Hadeln (afastado da direção do festival em 2001, entre outras coisas pela excessiva atenção dada ao cinema de Hollywood), Kosslick reservou quase metade do programa oficial às produções americanas, confirmou o entendimento franco-alemão com três filmes franceses (e mais uma homenagem a Anouk Aimée, Urso de Ouro à carreira), três alemães e deu generosa acolhida à China, também com três títulos.
O resto do mundo teve de se contentar com as migalhas do banquete: só um filme africano, mais um da Ásia, que se junta aos três chineses, nada para o norte da Europa e nova ausência da Espanha, com exceção de uma co-produção em inglês com o Canadá.
A América Latina está totalmente ausente, presente apenas entre os curtas, com o brasileiro Plano Seqüência, de Patrícia Moran, e o argentino En ausencia, de Lucia Cedrón, e nas seções paralelas Panorama e Foro do Cinema Jovem.
Poucas vezes como neste ano, os Estados Unidos roubam a atenção no Festival de Berlim, ao chegar com fortes candidatos aos Ursos de Ouro e Prata, como As Flores, com um trio excepcional de atrizes – Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Jidman – e Adaptação, de Spike Jonze, com Nicolas Cage e novamente Meryl Streep.
Há também a presença de Steven Soderbergh com seu remake de Solaris de Andrei Tarkoski, porém mais fiel ao romance original de Stanislas Lem, com George Clooney, que, além disso, está em Berlim com seu novo duplo papel de ator e diretor, com sua obra-prima Confessions of a dangerous mind.
Também aspira a um Urso de Prata como melhor ator Edward Norton, extraordinário intérprete de 25th. Hour, de Spike Lee, onde interpreta um homem que revive sua vida antes de cumprir uma pena de sete anos de prisão.
Um alívio para os demais concorrentes é o fato de que o musical Chicago e Gangues de Nova York, outros dois grande candidatos ao Oscar, estão fora do concurso. O musical, com treze indicações ao Oscar, abriu o festival e, com exibição amanhã, Gangues de Nova York, com dez nomeações, foi escolhido para o encerramento.
As sessões especiais do evento foram dedicadas ao alemão Murnau e ao japonês Yasujiro Ozu. E o Urso de Ouro dedicado à carreira desta vez é da atriz francesa Anouk Aimée, destacada em filmes já clássicos, como A Doce Vida, Lola e Oito e Meio. Por sinal, a Paramount anuncia para 15 de abril o lançamento, em DVD e VHS, do filme Um Festival em Cannes, em que Anouk Aimée faz uma bela e envelhecida musa do cinema que encara um dilema em sua carreira.
Cinema de muita ação
Cinema de aventuras
Dois filmes estréiam hoje nas telas de Curitiba. Desafio Radical reúne publicitários que realizam qualquer tipo de imagem que seus endinheirados clientes necessitem para vender um produto – mesmo que isso signifique terem que descer uma cachoeira de 33 metros de altura de caiaque ou ficarem pendurados de um helicóptero. Protagonizado por Rufus Sewell e Devon Sawa, os publicitários têm por missão filmar três esquiadores em ação, descendo os Alpes com uma avalanche atrás deles. O diretor Christian Duguay vai, a partir daí, proporcionar muita adrenalina.
Christian Duguay, além de dirigir, é esportista radical e operador de câmera. Em seu filme Joana d?Arc operou uma câmera montada num cavalo a galope. Em Desafio Radical ele opera uma câmera enquanto desce uma montanha coberta de neve. As cenas perigosas não são algo que qualquer pessoa possa fazer, elas requerem uma habilidade digna de admiração. Foram contratados 178 dublês para garantir a segurança das cenas arriscadas.
E também entra em cartaz Navio Fantasma, dirigido por Steve Beck e estrelado por Julianna Margulies e Ron Eldard. O filme combina ação em alto-mar de tirar o fôlego com uma história sobrenatural num luxuoso navio errante. O Antonia Graza, transatlântico, é o personagem, nascido das lendas dos marinheiros.
Ao afundar em 1961, o navio levava muito ouro. Para seu resgate, vai uma equipe valente, mas que começa a ficar apavorada com estranhas visões.
Se o enredo não agrada, como opção há pré-estréias em horários especiais para Prenda-me se for capaz, de Steven Spielberg, com Tom Hanks, e Tosca, uma superprodução cinematográfica da famosa ópera.