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Filmes e livro movimentam o ‘É Tudo Verdade’

Assim como Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo se interessaram por um nome – Primavera das Neves – e, pesquisando sobre a tradutora portuguesa que viveu no Brasil, fizeram um filme para iluminar essa figura rara, a cineasta portuguesa Susana de Souza Dias também seguiu uma trajetória bem pouco convencional em Luz Obscura. No caso dela, o que deflagrou a busca foi uma foto que Susana encontrou nos arquivos da Pide, a polícia política de Portugal sob a ditadura de Antônio Salazar, que dominou o país durante quase meio século, de 1926 a 74.

Susana pesquisava sobre a memória da ditadura em Portugal quando encontrou uma foto que lhe chamou a atenção – uma mulher com um bebê. Investigando, ela chegou à história de Octávio Pato e, através dele, faz um inventário que ultrapassa a odisseia individual para contar a história do país. É interessante ver os dois filmes que atiram no escuro – ambos poderiam dar em nada – e percorrem caminhos criativos, a ponto de haver sido selecionados para concorrer nas competições brasileira e internacional do 22º É Tudo Verdade.

Na retrospectiva que investiga, no quadro dos 100 anos da Revolução Russa, a produção não ficcional na extinta URSS – que o diretor do É Tudo Verdade, Amir Labaki, define como “um dos continentes submersos da história do documentário” -, chega a vez do primeiro filme feito após a entrada do país na 2ª Guerra pelo grande diretor ucraniano Alexander Dovjenko. A Batalha por Nossa Ucrânia Soviética documenta a resistência ao nazismo na região, no estilo poético e intimista que fez a fama do artista. Só para lembrar, Dovjenko realizou o mais belo poema revolucionário do cinema – Terra, de 1930 -, embora essa possa ser uma afirmação polêmica, principalmente para os incondicionais fãs de Sergei M. Eisenstein e da sequência da escadaria de Odessa em O Encouraçado Potemkin, de 1925.

Nesta terça, 25, a partir das 19 h, na Reserva Cultural, também ocorre o lançamento do livro Bernardet 80, que avalia o impacto e a influência que exerceu e ainda exerce, sobre o cinema brasileiro, o crítico Jean-Claude Bernardet. Ativo e influente desde o começo dos anos 1960, Bernardet escreveu livros seminais e, com a mesma paixão, é hoje ator. A organização do volume é de Ivonete Pinto e Orlando Margarido, sob a chancela da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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