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O ator Wagner Moura, como o anti-herói capitão Nascimento.

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Mais de 200 mil ingressos já foram vendidos para as milhares de sessões – cada programa é exibido pelo menos três vezes – dos 400 filmes que compõem a programação do 58º Festival de Berlim, que começa nesta quinta. Tropa de Elite, de José Padilha, é o único filme brasileiro na disputa ao Urso de Ouro. A Berlinale, como o evento é conhecido, é cronologicamente o primeiro dos grandes festivais europeus. Na seqüência virão Cannes, em maio, e Veneza em setembro. Berlim é o primeiro, e o mais político. Embora seja este o seu recorte, o Festival de Berlim de 2008 promete ser também uma festa de glamour e mundanidade de fazer inveja à Croisette

Martin Scorsese inaugura o festival com seu documentário Shine a Light, sobre os Rolling Stones, e o que se anuncia é que o próprio Mick Jagger poderá vir abrilhantar a primeira noite desta grande festa do cinema. Se a sua surpresa se confirmar, a Berlinale de 2008 corre o risco de virar um grande evento pop/rock. Afinal, Madonna também deve vir mostrar sua estréia na direção, Filth and Wisdom, numa das mostras paralelas. E já que estamos falando de celebridades, Dieter Kosslick, diretor-geral da Berlinale, garante que estão confirmados Daniel Day-Lewis, Julia Roberts, Scarlett Johansson. Isso para não falar nos diretores – Paul Thomas Anderson, Mike Leigh, Johnny To, Robert Guédiguian.

Dez anos depois de Central do Brasil (em 1998), o Brasil volta a concorrer ao Urso de Ouro, desta vez com um filme que virou fenômeno no País – Tropa de Elite, de José Padilha. Para o diretor, concorrer em Berlim tem um doce sabor de revanche. No Brasil, seu filme foi muito falado, mas o que os críticos menos discutiram foi o valor de Tropa de Elite como cinema. O impacto político e sociológico do filme, seu enfoque da violência urbana a reação popular que transformou o Capitão Nascimento (personagem de Wagner Moura) num herói – coisa que ele não é -, tudo isso foi tão forte que praticamente não se comentou outra coisa. Para Padilha, será, quem sabe, um grande teste passar por uma platéia que não verá o filme com a o mesmo olhar dos brasileiros.

Tropa de Elite é o único filme brasileiro da competição, mas vários outros filmes nacionais – Maré, Uma História de Amor, de Lúcia Murat; Estômago, de Marcos Jorge; Mutum, de Sandra Kogut; Café com Leite, de Daniel Ribeiro; e Tá, de Felipe Sholl, serão exibidos em mostras paralelas como Panorama, Forum, Generation Plus e Teddy. Indiretamente, o Brasil participa de Café de Los Maestros, de Miguel Kohan, da Argentina, porque o filme é produzido por Walter Salles. No total, a Berlinale vai reunir 19 mil profissionais de 120 países. O número de jornalistas credenciados chega a 4 mil, sinal de que o festival não pára de crescer.

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