O programa Cassino do Chacrinha acabou, Abelardo Barbosa morreu, mas os bordões “alô, alô, Terezinha”, “quem não se comunica se trumbica” e “eu vim para confundir e não para explicar” continuam vivos na memória dos milhões de brasileiros que acompanharam a trajetória do apresentador e mesmo para os mais novos, que pelo menos alguma vez já ouviram essas frases sendo repetidas.
Parte dessa história foi resgatada pelo diretor Nelson Hoineff, com a história de alguns dos calouros, chacretes e artistas do programa do Chacrinha que poderão ser relembradas no documentário Alô, alô, Terezinha, que estreia hoje nos cinemas de Curitiba.
A proposta de fazer um filme biográfico sobre o Chacrinha nem passou pela cabeça de do diretor. “Desde o início sabia que não queria fazer isso. A opção foi por definir o Chacrinha como centro de uma constelação de artistas, calouros e chacretes”, conta Hoineff, que tem uma história antiga de carinho pelo apresentador.
“Sempre gostei do Chacrinha o que, para a época, não era algo muito nobre”, relembra. “Chacrinha era um oásis de criatividade, que assumia uma posição de não conservadorismo muito grande, que começou e terminou com ele”, define.
Junto com muitas imagens de arquivo, o filme alterna trechos dos programas do Chacrinha com depoimentos atuais, fazendo um paralelo entre essas épocas e mostrando o rumo que tomaram os diferentes integrantes de seus programas, desde as antigas chacretes até artistas como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Wanderléia, Ney Matogrosso, Fábio Jr. e tantos outros descobertos e revelados pelo apresentador. “Os depoimentos foram muito reveladores, que foi o que a gente procurou. Não queríamos depoimentos convencionais”, explica o diretor.
Hoineff quis mostrar o que há por trás daquele calouro ou daquela chacrete que aparecia no Chacrinha. “A gente tentou tirar o calouro, por exemplo, daquele contexto do programa, mostrar que o ele não era apenas aquele cara que tomou uma buzinada e distraiu o espectador durante alguns segundos. Ele é muito mais do que isso”, diz.
Até agora, a recepção do público nas sessões já feitas do filme pelo Brasil afora tem sido entusiasmada. “A própria exibição pode ser encarada como se fosse um programa de auditório, que pressupõe química entre o auditório e o que está sendo passado no programa. A gente conseguiu provocar essa sensação no filme e eu me surpreendi com o resultado”, afirma Hoineff.