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Filme revela o ator Bruce Springsteen

Logo no início de Springsteen on Broadway, o filme da peça que Bruce Springsteen protagonizou por 236 noites no Walter Kerr Theatre, em Nova York, o cantor brinca: “Eu nunca tive que trabalhar de segunda a sexta… até agora!”. O tom galhofeiro, porém, é eventual, conforme Springsteen conta a jornada de sua vida em um monólogo de um texto com alta voltagem poética e, claro, com suas músicas, tocadas com violão ou ao piano.

O filme chegou à Netflix no dia 16 de dezembro, um dia depois que o músico encerrou sua temporada de 14 meses na Broadway. Faça as contas: cerca de 220 mil pessoas tiveram a chance de vê-lo no teatro, que tem capacidade para 939 pessoas. Agora, o show está disponível para 130 milhões em 190 países, uma audiência que mesmo um homem de turnês superlativas não costuma ter.

A produção é inspirada na autobiografia Born to Run (lançada aqui em 2016 pela editora Leya) – o livro já trazia à tona um escritor talentoso, na verdade confirmando o pendor de contador de histórias tão presente na sua música. A peça e o filme chegam agora para fechar seu ciclo de incursões em outros formatos artísticos.

“DNA é uma parte grande dessa peça: tornar a si mesmo uma pessoa livre. Ou, o quanto você puder, num adulto, na falta de palavra melhor”, disse Springsteen à revista Esquire, pouco antes do filme estrear na Netflix.

A crítica americana, depois de consagrar a peça, também caiu de amores pelo filme. “Como ator, Springsteen é material de prêmios, dando uma performance folclórica de dor, ternura e incerteza – ele às vezes aparenta não saber, mas claramente sabe o que dizer – que nunca parece falsa”, escreveu o crítico da The Atlantic. Mas nem tudo são flores: num texto mais ou menos cruel no The Washington Post, depois de comparar a aura solene do espetáculo com uma pregação católica, mas reconhecer que “qualquer palavra que sai da boca dele (Springsteen) praticamente brilha com uma aura de profundidade”, Chris Richards diz: “É uma pena, então, que ele conspicuamente leia seus monólogos – sobre infância, paternidade, Deus e a guerra – de teleprompters na altura dos tornozelos, sua cabeça frequentemente curvada, como se seus sapatos estivessem prestes a revelar o significado da vida”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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