Filme ‘O Tempo e o Vento’ recria a história do Rio Grande do Sul

Há uma semana em cartaz no Rio Grande do Sul – a produção pegou carona nas celebrações do 20 de setembro, a data da fundação da República Rio-grandense -, “O Tempo e o Vento” desembarca nesta sexta-feira em salas de todo o País. O diretor Jayme Monjardim dá a cara para bater, conforme disse na coletiva de lançamento em São Paulo. Ele já tinha feito isso – e apanhado da crítica – ao lançar “Olga”, anos atrás. O filme fez respeitáveis 3 milhões de espectadores, mas ‘novelão’ foi o adjetivo mais simpático que Monjardim conseguiu da imprensa.

Monjardim trabalha de novo com a produtora Rita Buzar, da Nexus. “Olga” era um projeto dela, e Monjardim o diretor contratado. “O Tempo e o Vento” é um projeto dele, que chamou Rita por sua expertise. Ela conta que quase foi à falência. Precisou vender a participação de sua empresa em troca de patrocínio. Quase ninguém investe em filme de época porque as empresas querem merchandising. Tudo isso precisa ser arrancado a fórceps, porque Rita não quer falar. Os críticos vão reclamar do novo novelão de Monjardim. Mas a verdade é que Rita Buzar e ele estão fazendo história.

James Cameron, George Lucas? Bye-bye. “O Tempo e o Vento” é o primeiro filme, em todo o mundo, feito com a câmera F-65 e finalizado com tecnologia digital em 4 K 16 bites. O que significa isso? “A câmera F-65 é a última revolução da técnica. Ela tem sensores que permitem captar as imagens até 8 K, com uma nitidez sem precedentes. “Oblivion”, com Tom Cruise, foi feito com essa tecnologia, mas finalizado em 2 K. Nós estamos avançando em relação a Hollywood”, explica Rita. E como o Brasil teve acesso à tecnologia tão de ponta?

Tem a ver com o diretor de fotografia Afonso Beato, escolhido por Jayme Monjardim para captar as imagens de seu épico romântico adaptado do romance cíclico do escritor gaúcho Erico Verissimo. Beato, um dos maiores fotógrafos do Brasil e do mundo, tem sua base em Los Angeles. Ele já namorava a F-65. Quando Monjardim e Rita aceitaram sua proposta de gravar com a câmera digital mais avançada do planeta, a produtora conseguiu da Sony internacional o que parecia impossível. Em duas semanas, a câmera estava no Rio Grande. O desafio da finalização foi maior ainda. Só há uma empresa, a ColorWorks, que finaliza em 4 K, mas cobra caríssimo. Rita mostrou as imagens de Beato. O todo-poderoso da ColorWorks perguntou quanto ela podia pagar – US$ 150 mil. Seduzido pelo material, ele topou. A empresa chega a cobrar dez vezes mais.

Em todo o Brasil existem só 18 cinemas equipados para mostrar “O Tempo e o Vento” como foi feito. Em São Paulo capital, são cinco salas de shopping (Eldorado, Jardim Sul, Anália Franco, Santana Park e Cinemark Tucuruvi), mais duas em Ribeirão Preto e Campinas. E a dramaturgia, vai perguntar o cinéfilo? É o estilo de Monjardim, muito entardecer e amanhecer, cenas estetizadas de sexo. O diretor busca respaldo em Erico Verissimo para contar a história do Capitão Rodrigo pelo ângulo de Bibiana. “As mulheres são muito fortes em Erico”, ressalta o cineasta. Foram sete anos de trabalho, um só para convencer o filho Luis Fernando a vender os direitos, 27 roteiros. No quesito ‘acertos’, há que contabilizar as atuações de Thiago Lacerda, poderoso como Rodrigo, e Fernanda Montenegro, impecável como a velha Bibiana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O TEMPO E O VENTO

Direção: Jayme Monjardim. Gênero: Drama (Brasil, 2012, 115 min.). Classificação: 14 anos

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