Vencedor do prêmio de melhor filme da juventude na Berlinale, em fevereiro, Minha Irmã Magra é o longa de estreia da sueca Sanna Lenken. Roteirista e diretora, ela se exercitou em trabalhos para a TV da Suécia. Faz uma boa estreia, e abordando um tema forte, ao mesmo tempo social e intimista, a família. Minha Irmã Magra faz um interessante retrato da família no quadro de uma sociedade competitiva e desenvolvida como a sueca.

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Todo mundo tem o que não deixa de ser sua função nessa ordem. Os pais trabalham fora, as filhas estudam. E são diferentes, até fisicamente. A mais velha é a estrela de patinação na escola. Isso lhe garante destaque dentre os colegas. Ela vira a queridinha dos próprios pais. Para melhorar cada vez mais suas performances, ela come cada vez menos. E só quem percebe isso é a irmã mais nova, a gordinha.

A anorexia é um problema seríssimo entre adolescentes. Especialmente as garotas, para atender a padrões de beleza, adotam medidas radicais de emagrecimento. E elas podem ser desastrosas para organismos ainda em desenvolvimento, com a constituição física não completamente definida. De alguma forma, Sanna Lenken fez o que não deixa de ser uma versão invertida da fábula do patinho feio. Stella, o patinho, possui uma consciência que ninguém mais tem no filme – nem os pais nem os educadores e muito menos Katja, sua irmã mais velha.

Sanna conta sua história com economia – e riqueza de observação. Sua grande aposta foi nas atrizes, e ela acertou. Não adianta muito dizer que se chamam Rebecca Josephson e Amy Deasismont. São nomes desconhecidos do público, mas Rebecca, que faz Stella, é neta do ator bergmaniano Erland Josephson. Colam às personagens, são perfeitas nos papéis. Essa mistura de eficiência dramática e tema pertinente fez com que o júri e os próprios jovens elegessem Minha Irmã Magra em Berlim. É uma aposta atraente para os finalistas do Prêmio Bandeira Paulista, na competição de novos diretores.

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