Coprodutora (com Yona de Macedo, sua sócia na Dama Filmes) e roteirista de Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho, Carolina Kotscho concorda com seu biografado que o universo conspira para que as coisas deem certo, quando você deseja muito.

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Há sete anos, ela estava em casa de um amigo, Roberto Vianna. Conversavam sobre Paulo Coelho. O telefone tocou. Era o próprio, que conversou com Vianna sobre o impacto que lhe causou 2 Filhos de Francisco, o longa de Breno Silveira escrito por Carolina. Vianna comentou – “Se você quer falar sobre 2 Filhos de Francisco, tenho aqui a pessoa certa.” Começou ali o namoro para que Carol e Yona contassem a história de Paulo Coelho. O contrato foi assinado em 2009, a primeira versão do roteiro foi enviada para o escritor em 2011. Ele retornou imediatamente. “Ma-ra-vi-lho-so. Não mexa uma linha.” Só bem mais tarde, no primeiro semestre deste ano, quando Yona e Carolina lhe mostraram o filme pronto foi que Paulo Coelho confessou que não havia lido o roteiro.

É o biografado ideal, assegura Carolina. “Ele guarda tudo e não interfere em nada.” A própria segunda versão do Caminho de Santiago, que aparece no filme, é uma licença poética, como também é outra licença concentrar todas as mulheres de Paulo na personagem de Paz Vega. Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho estreia nesta quinta-feira, 14, em cerca de 200 salas do País. Não é um grande lançamento, mas também não é pequeno, dada a projeção do biografado.

Afinal, Paulo Coelho pode não ser o preferido dos críticos, mas o letreiro final informa que é o escritor vivo mais lido do mundo. Não é pouca coisa. Muita gente vai querer conferir a melhor história de Paulo Coelho? Pois sua melhor história é o que filme mostra – sua vida.

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Não Pare na Pista começa e se desenvolve como um mosaico de informações. A vida de Paulo Coelho é desconstruída e reformulada numa viagem no tempo e no espaço. Começa com a tentativa de suicídio e a internação. Paulo jovem, Paulo na fase do desbunde, na crise, na era atual. O caminho de Santiago é o rito de passagem e, por isso, na ficção de Carolina Kotscho e do diretor Daniel Augusto, ele o faz duas vezes. Faz como jovem e refaz maduro.

A trama cresce na segunda metade, com a entrada em cena de Raul (Seixas), mas, na primeira parte, o filme já oferece o que tem de melhor.

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Depois da história de Francisco, o pai de Zezé di Camargo e Luciano, Carolina Kotscho conta a história de Paulo Coelho e seu pai. É um espelho torto. Paulo pode até tentar minimizar a figura do pai em sua vida, mas no filme ela é decisiva. Os irmãos Ravel e Júlio Andrade, que fazem Paulo em diferentes momentos, são extraordinários, mas Enrique Diaz rouba o holofote como esse pai tão diferente e, ao mesmo tempo, tão semelhante ao filho. O sonho de ambos é a casa, a obra de uma vida inteira. A do pai é uma casa de verdade. A do filho é simbólica. E cada um precisa construir a casa de seu jeito.

Por melhores que sejam as cenas em família, com Enrique Diaz, Júlio Andrade e Fabíula Nascimento como a mãe que tenta aparar as arestas, a cena antológica de Não Pare na Pista é aquela em que Paulo, após sua participação no show de Raul, é sequestrado e levado perante o torturador. O cara quer desmontá-lo, mas é Paulo quem o desmonta, com sua ‘loucura’. É um grande momento de cinema, e fala mais sobre o estatuto da repressão do regime militar do que muita obra mais engajada. Retomando a fala de Paulo, mas o repórter viu o filme, é ma-ra-vi-lho-so. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.