O presídio curitibano do Ahu, que está desativado desde 2006, se transformou em cenário de cinema. Há algumas semanas, vem sendo rodado no lugar o filme 400 Contra 1, que tem direção de Caco Souza (que há cerca de sete anos vem realizando pesquisas em prol do filme) e conta a história do Comando Vermelho. A obra tem com base o livro autobiográfico de William da Silva Lima, que foi um dos fundadores da atual organização criminosa e ficou preso por 35 anos.
Criado no auge da ditadura militar brasileira, o Comando nasceu dentro do Instituto Penal Cândido Mendes, mais conhecido como Presídio da Ilha Grande, que no passado funcionava no Rio de Janeiro.
“O Comando Vermelho surgiu com base no comunismo e como irmandade entre presos comuns e presos políticos. Eles se organizaram para combater os maus tratos e promover o respeito aos detentos dentro do presídio de Ilha Grande. Só mais tarde se transformou na facção criminosa que conhecemos hoje”, conta um dos produtores do filme, Edu Felistoque.
O presídio do Ahu foi escolhido como locação por ter arquitetura bastante parecida com a do antigo Instituto Penal Cândido Mendes. “Além disso, o presídio está intacto.”
Nas filmagens de cena, estão sendo utilizados como figurantes e mesmo como atores pessoas que cumprem pena em regime semiaberto na colônia penal agrícola de Piraquara, na região metropolitana da capital. Cerca de 80% da equipe que trabalha nas filmagens também é de Curitiba.
“Vamos filmar mais umas duas semanas em Curitiba e depois realizar tomadas no Rio de Janeiro e em Ilha Grande. O filme deve estrear no final do ano.” Como protagonistas, a obra conta com os atores Daniel de Oliveira, como William da Silva Lima; e Daniela Escobar, que interpreta Tereza, que irá viver uma paixão com a personagem de Daniel. O elenco também é composto por Branca Messina, Negra Li, Anderson Jader, entre outros artistas.
O filme tem fotografia de Rodolfo Sanchez e produção também assinada por Toni Domingues e Destiny International, com distribuição pela Play Arte. O roteiro cinematográfico é de responsabilidade de Victor Navas, que foi co-roteirista de Carandiru, Cazuza – o tempo não pára e Cabra cega.