Há exatos 25 anos, Ian Curtis, vocalista do Joy Division, encerrava mais uma de suas constantes brigas com sua mulher, Deborah Curtis, e se trancava em casa. O álbum The Idiot, de Iggy Pop, ainda tocava no toca-discos quando Ian, de 23 anos, foi encontrado enforcado na sala com um fio de varal. Era o fim, um dia antes do início da turnê norte-americana, de uma das maiores personalidades do rock dos anos 80, vocalista da banda que renovou a música de sua época e acabou dando origem a outro grupo não menos importante, o New Order.
Eventos ao redor do planeta celebram o Joy Division que, com hits como Love Will Tear Us Apart, instaurou a aura dark dos anos 80, com músicas em que o baixo se destacava mais que o vocal e a batida seca e ritmada dava base a letras tocantes. Eles influenciaram do Placebo até U2, passando por George Michael, Jeff Buckley e o brasileiro Renato Russo.
Inspirado pela biografia Touching from a Distance, escrito pela viúva de Ian, está em fase de produção o longa Control, dirigido pelo fotógrafo Anton Corbijn e com roteiro de Deborah e co-produção de Tony Wilson, famoso apresentador de televisão de Manchester, razão de ser do filme A Festa Nunca Termina, de 2002, que mostra o cenário musical punk da cidade.
Wilson fundou o lendário selo Factory, que lançou o próprio Joy Division e o New Order. Ele foi também o mentor do club Hacienda, embrião do acid house europeu. "Existe muito blábláblá em torno da morte de Ian, mas só ele deve saber as razões que levaram ao seu suicídio. É normal que o comparem com Jimi Hendrix e Kurt Cobain, mas Ian e esses músicos só são o que são hoje pela sua música", pontua Wilson, em entrevista.
Wilson, que hoje investe no hip-hop britânico e realiza documentários sobre a planta alucinógena ayahuasca, adianta que o roteiro foi entregue há três semanas. "Eu não cuido do elenco, mas independentemente de quem interpretar Ian, será um bom filme porque o roteiro está fiel à história." Ele destaca a contextualização da Manchester do fim dos anos 70. "Era uma cidade suja, pobre e violenta. A cena punk da época foi uma revolução para a cidade. Hoje Manchester é uma cidade agradável, bonita e culta."