Meio século de sucesso

Filme ‘A Noviça Rebelde’ completa 50 anos

A cena de abertura continua espetacular: uma tomada aérea que se aproxima cada vez mais do monte no qual Julie Andrews canta a imortal The Sound of Music. É com esse cartão de visita que o musical A Noviça Rebelde continua como um dos mais cultuados e rentáveis da história. O filme dirigido por Robert Wise teve sua première em Nova York no dia 2 de março de 1965, há exatos 50 anos – no Brasil, estreou no dia 3 de maio do mesmo ano.

É uma festa para os olhos – baseado no musical de Hammerstein e Rodgers, o filme de Wise, que tem roteiro de Ernest Lehman, conta a história (real) da Família Trapp pelo ângulo de Maria (Julie), a noviça distraída mas extremamente amável e dedicada que vai trabalhar como babá na casa do capitão (e barão) Von Trapp (Christopher Plummer). Lá, ela conquista as crianças, casa-se com o barão e vivem todos felizes para sempre – mas só depois de escapar dos nazistas, que estão anexando a Áustria e querem transformar o capitão nacionalista em um colaborador exemplar.

“Ainda guardo muitas lembranças daquela cena de abertura”, contou Julie Andrews em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo, em 2010, quando o filme completou 45 anos e, por conta disso, foi lançada uma bela caixa com DVD e Blu-Ray. “Tive de rodar 12 sequências até conseguirmos a medida exata.” Tamanho cuidado não era preciosismo – A Noviça Rebelde foi o último dos grandes musicais a fazer um enorme sucesso: ganhou 5 Oscars (incluindo filme e direção), além de livrar a Fox da falência provocada pelo fracasso de Cleópatra. Aliás, A Noviça Rebelde foi o filme que desbancou …E o Vento Levou (1939) como a maior bilheteria do cinema, interrompendo o reinado de 26 anos do longa estrelado por Clark Gable.

Durante muitos anos, foi apontado como um filme açucarado, por conta de suas canções ingênuas e sua trama previsível. O reparo é muito bem feito no material que acompanha a caixa lançada pela Fox – tanto nos inúmeros extras dos DVDs como no encarte que detalha a produção do musical na Broadway e no cinema, percebe-se uma série de mensagens sutis sobre uma época conturbada.

Tome-se como exemplo uma das músicas mais conhecidas, Sixteen Going on Seventeen, criação (como as demais canções) da famosa (e fabulosa) dupla Richard Rodgers e Oscar Hammerstein. Cantada por Liesl, a filha mais velha, quando se encontra escondido com o namorado Rolf, a letra serve para a menina comprovar sua maioridade, uma vez que está com quase 17 anos. Em um determinado momento, o rapaz afirma que ela ainda é inexperiente e necessita ser conduzida. Curiosamente, ele logo adere ao nazismo, cuja filosofia dominadora segue o mesmo preceito.

“As canções de Rodgers e Hammerstein tinham uma função específica, pois, tão logo terminassem, os personagens tomavam outro rumo”, conta Julie Andrews, que temeu que o papel reforçasse um estigma.

No aniversário de 50 anos do filme, a cerimônia de entrega dos Oscars fez uma homenagem a Julie Andrews. A cantora Lady Gaga subiu ao palco para interpretar The Sound of Music.

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