Se neste ano a Seleção Brasileira ficará ou não com a taça de campeão do mundo, isso nós ainda não sabemos. Mas um título já é dado como certo para a pátria de chuteiras: o Brasil deverá registrar o recorde de vendas das tradicionais figurinhas da Copa do Mundo de 2010. Apesar de a editora Panini responsável pela produção dos álbuns e das figurinhas não divulgar números, a expectativa dos distribuidores é de que, até o fim do mundial, o País bata o recorde de 150 milhões de envelopes vendidos, superando os números registrados na Alemanha durante a última copa.
A assessoria de imprensa da Panini, que confirmou que o Brasil ficou em segundo lugar na venda de figurinhas na última Copa, ressalta que o álbum da Copa do Mundo é sempre um sucesso. Segundo a Panini, em 2006 o consumo de envelopes de figurinhas da Copa do Mundo chegou a marca de 1 bilhão de envelopes.
De acordo com Luiz Eduardo Palmeira, gerente regional da filial da Treelog no Paraná empresa que realiza a distribuição dos álbuns e figurinhas da Panini no Brasil o sucesso de vendas neste ano foi tão grande que a empresa já encontra dificuldades para abastecer os pontos de venda. Segundo ele, a demanda acima da média das últimas copas vem sendo verificada desde o lançamento dos álbuns, em 9 de abril. “Em 30 dias, em Curitiba, foi vendido um volume de envelopes quatro vezes mais do que no mesmo período da Copa da Alemanha”, revela Palmeira.
Segundo ele, no mundial de 2006, foram vendidos 135 milhões de envelopes no Brasil. Para este ano, ele comenta que não há como mensurar o quanto a mais deverá ser registrado. “A gente vem recebendo carga sistematicamente, no entanto, não temos vencido abastecer as bancas e não estamos conseguindo atender aos inúmeros pedidos”, conta.
O comerciante Alexander Leo, proprietário da Revistaria Bom Jesus, no bairro Juvevê, em Curitiba, confirma que a procura pelas figurinhas, cujos envelopes custam R$ 0,75, é intensa desde o lançamento dos produtos e que, nesta copa, o volume de vendas é 50% maior do que o verificado em 2006. “A nossa média de vendas é de mil envelopes por dia”, afirma. Para ele, uma das explicações para o sucesso das vendas é a data de lançamento dos produtos, que permitiu um maior espaço de tempo para os colecionadores. “Na copa passada o álbum foi lançado muito perto do campeonato. Conforme o mundial vai se aproximando, a tendência é de que as vendas esfriem”, prevê.
De acordo com Leo, colecionar se tornou uma febre para todas as idades, das crianças aos balzaquianos, e atinge também públicos que antes não eram considerados o alvo do negócio, como as meninas. Uma das colecionadoras é a estudante Andressa Tozato, de 11 anos. Ela conta que já colecionou outros tipos de figurinhas, mas se apaixonou pelos produtos da copa depois que ganhou o álbum do pai. “Não é coisa de menino não. Tem muitas meninas também na minha turma que também colecionam e gostam de futebol”, afirma a garota.
Invenções
Com a grande procura pelas figurinhas da copa, alguns comerciantes tiveram que improvisar para atender a demanda. Uma ideia que deu certo e vem sendo aplicada pelo comerciante Gari Fogaça Silva, proprietário da revistaria Leitura e Cia, no bairro Ahú, também na capital. O comerciante montou um sistema de envelopes individuais, com os quais os colecionadores podem disponibilizar as figurinhas repetidas para outros interessados. “As figurinhas são vendidas a R$ 0,15 e o dinheiro pode ser usado para comprar outras. Muita gente está completando o álbum desse jeito”, diz.
Segundo Gari, a ideia partiu do filho do comerciante, que descobriu uma maneira de potencializar as vendas das figurinhas. O sucesso foi tão grande que Gari teve que disponibilizar um funcionário para cuidar exclusivamente dos envelopes, que já são cerca de 500.
Vitor Fernades Salles prevê que hoje ele consegue completar o álbum. |
Em duas semanas, o estudante Victor Fernando Salles, de 11 anos, quase completou o álbum, de 638 figurinhas, com o sistema de envelopes da banca. Segundo ele, faltam apenas nove para completar a coleção. “Até domingo (hoje) eu completo”, prevê. O estudante lamenta apenas pelas figurinhas que não batem com a convocação do técnico Dunga. “É ruim. A gente coleciona fotos de jogadores que não estão no time da copa”.
A mãe de Victor, a professora Mariza Salles, conta que traz os dois filhos na banca quase todos os dias. Aos sábados, eles vão na Praça da Ucrânia, onde dezenas de colecionadores se reúnem para trocar figurinhas. Ela fala que é preciso astúcia para completar os alguns. “Não basta apenas comprar os envelopes fechados”, conclui. Mariza afirma que neste ano, as figurinhas estão mais fáceis de encontrar. “Na última estava muito difícil. Meu filho chegou a pagar até R$ 1,00 por figurinha. Tivemos que pedir para a editora enviar o que faltava para completar o álbum”, diz.
Para Gari, a procura deve aumentar ainda mais, com a proximidade da copa. “A procura ainda não está no auge. Pela experiência que temos das outras copas, a gente espera dobrar o movimento até o começo do mundial”, diz.
Coleção virtual
Se para alguns completar o álbum pode parecer algo inalcançável, a dica é recorrer à coleção virtual no site da própria FIFA. Ainda desconhecido de boa parte dos colecionadores, o álbum é gratuito. Basta entrar no site da FIFA (pt.fifa.com/?language=PT) e procurar o Álbum de Figurinhas Virtual da Panini e fazer o cadastro. Em seguida, o cadastrado recebe um perfil de usuário e uma senha de acesso.
Um dos colecionadores virtuais, o profissional de marketing Ricardo Brito, diz que o cadastro fácil de fazer e elogia o site. “É bem interativo. É só fornecer o e-mail, e você começa a receber três pacotes com cinco figurinhas periodicamente, a cada 12 horas”, conta.
Uma das vantagens da coleção virtual, segundo Brito é a troca de figurinhas repetidas, que pode ser feita entre amigos de um grupo pré-determinado ou com pessoas do mundo todo. “Quando você completa uma seleção, ganha um pacote extra. Já tenho completas 12 seleções”, comemora.
Brito, que coleciona as figurinhas do site há três semanas, afirma ter completado 75% do álbum virtual, sendo que já fechou todos os estádios e as especiais, que trazem o mascote e a bola da Copa, e a taça de campeão. “Essa brincadeira virou febre no meu escritório. São pelo menos mais seis amigos colecionando”, diz.