Fica na escola

Lugar de criança não é no trabalho precoce, na prostituição, nas ruas cheirando cola e praticando outros atos inadequados. Lugar de criança é na escola. (…) Não raras vezes, ouvimos falar do milagre de civilizações como a japonesa, chinesa e coreana. No entanto, nenhum desses milagres se concretizou, senão pela escola. (Olympio de Sá Sotto Maior Neto)

Aos 18 de dezembro de 2005, o jornal O Estado do Paraná, p. 3, destacou: ?Jovens desistem de estudar, revela censo?. Os técnicos do MEC-Ministério da Educação estão preocupados, e não é para menos, pois o censo escolar do ano passado indica que o número de estudantes do Ensino Médio diminuiu em 2.706 municípios, 48% do total das cidades brasileiras. A redução das matrículas nesses municípios alcançou 350.607, ou seja, 5,7% a menos em relação a 2004. O censo também apontou diminuição de matriculados no Ensino Fundamental em 3.791 cidades, 68% do total.

No Paraná, a atual administração tem demonstrado interesse pela educação. Aliás, na pesquisa realizada pelo Instituto Databrain e publicada na revista IstoÉ (21 de dezembro de 2005, número 1888, páginas 46-49), a nota média para o desempenho do governo alcançou na educação (ao lado dos agronegócios) o primeiro lugar com 7,2 pontos.

Formandos do Colégio Estadual Ângela Sandri Teixeira.

No dia 18 de outubro de 2005, a Secretaria da Educação em conjunto com o Ministério Público concretizou o Programa de Mobilização para a Inclusão Escolar e a Valorização da Vida. Para a instalação do programa houve mobilização anterior, por intermédio do governador Roberto Requião, do procurador-geral da Justiça do Paraná, Milton Riquelme de Macedo, do procurador de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, que firmaram convênio.

O programa tem por meta fazer com que as crianças e os adolescentes tenham acesso à escola e nela permaneçam até o término do Ensino Básico. De que forma? A escola, por intermédio do preenchimento da Fica – Ficha de Comunicação do Aluno Ausente -, acompanha a freqüência do aluno. Quando o aluno faltar por cinco dias sucessivos ou sete dias alternados, no período de um mês, a escola procurará os familiares do estudante para saber as razões das faltas. Mas se a escola não obtiver sucesso, o Conselho Tutelar será chamado para intervir. Se persistir o insucesso, o Conselho informará o Ministério Público. Este por sua vez determinará as medidas judiciais e administrativas possíveis que possibilitem a presença do estudante na escola, podendo responsabilizar os pais se for constatado desinteresse.

Momento de descontração
na formatura.

?Ministério Público Estadual lembra que denúncias sobre crianças fora da escola podem ser feitas pelo Disque Denúncia 181, mesmo número utilizado para reclamar sobre o uso e tráfico de entorpecentes.? (Portal Dia-a-Dia Educação, 2005).

O Secretário de Estado da Educação, Mauricio Requião, enfatiza: ?Contamos com a participação de todos os paranaenses na execução dessa tarefa de grande responsabilidade social, para assegurar a inclusão e a permanência na escola, com o propósito de ver desenvolvidas as potencialidades e os talentos de nossos filhos?. (Fica comigo/Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Assessoria de Relações Externas e Interinstitucionais. Curitiba: SEED-PR, 2005).

P.S. Tive a oportunidade de conviver com os estudantes do Ensino Médio do 3.º ano do Colégio Estadual Ângela Sandri Teixeira, turno matutino. Por serem alunos dedicados e críticos não houve reprovação. Sem dúvida foi uma experiência ímpar. No último 10 de dezembro ocorreu a formatura do pessoal na Igreja Santo Antônio de Tranqueira, em Almirante Tamandaré-PR. Naquele momento solene, os estudantes deixaram uma mensagem aos mestres:

?Vocês foram capazes de nos aceitar como somos. Levaram-nos a superar dificuldades, limitações e fracassos. Estimularam-nos a emitir opiniões, mesmo sendo contrárias aos seus pensamentos, levando-nos a refletir mais do que a decorar. Foram aqueles que com dedicação e carinho nos transmitiram seus conhecimentos e experiências, tornando-se, assim, mais que professores, verdadeiros amigos. Recebam, pois nossa gratidão e saibam que ficarão sempre presentes em nossa memória?.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

queirozhistoria@terra.com.br

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