Cristiano Burlan é um dos diretores brasileiros que estarão estreando seus novos filmes no 9.º Festival de Cinema Latino-americano de São Paulo. Ele estará muito curioso para ver a reação do público a seu Hamlet. “É importante que eventos como esse nos lembrem que, apesar da barreira do idioma, também somos latinos.” E ele mal pode esperar para ver como seus colegas cineastas vão reagir. “O bom de um festival como esse é o encontro que propicia entre artistas de diferentes nacionalidades.” Além de Hamlet, nesta quinta-feira, 24, você também pode colocar na agenda a próxima edição do Cinema da Vela, no CineSesc, que vai reunir Burlan e a diretora cubana Irene Gutiérrez, que coassina (com Javier Labrador) Hotel Nueva Isla.
Quinta é para o público, mas nesta quarta-feira, 23, os convidados já poderão assistir a O Chaveiro, de Natalia Smirnoff, diretora argentina que se iniciou como assistente da celebrada Lucrecia Martel. O filme é sobre esse homem que a vida toda recusou compromissos. E agora a namorada lhe informa que está grávida e que ele, provavelmente, é o pai do bebê. Nosso homem sofre um abalo, mas será por isso que, inesperadamente, ele começa a ter visões sobre seus clientes enquanto trabalha nas casas deles. De que maneira ele poderá tirar proveito disso? E que proveito? Na sequência de O Chaveiro/El Cerrajero, o Festival Latino de 2014 vai trazer outros 113 filmes de 16 países, incluindo o já citado Hamlet.
Face a um universo tão amplo – mais de 100 filmes distribuídos por nove salas, até dia 30 -, você pode ir fazendo sua seleção. O festival exibe filmes que já passaram por outros foros internacionais. O argentino Refugiado, de Diego Lerman, esteve em Cannes; O Chaveiro, em Sundance; o chileno As Irmãs Quispe, de Sebastian Sepúlveda, em Veneza; o mexicano Os Insólitos Peixes-Gato, de Claudia Sainte-Luce, em Locarno; e o cubano Hotel Nueva Isla e o argentino Reimón, de Rodrigo Moreno, em Roterdã. Para abrigar a nona edição – e servir de centro -, foi montada uma tenda com 500 lugares na praça do Memorial da América Latina.
E seguem as atrações. Entre os filmes inéditos estão outro cubano, Vende-se, dirigido pelo ator Jorge Perugorría; o mexicano Rezeta, de Fernando Frías de la Parra; o chileno Matar a Um Homem, de Alejandro Fernández Almendra; o uruguaio O Militante, de Manolo Nieto; o paraguaio A Leitura de Justino, de Arnaldo André; o equatoriano A Morte de Jaime Roldós, de Manolo Sarmiento e Lisandra I; o boliviano Conto Sem Fadas, de Sergio Briones; o peruano Planta Madre, de Gianfranco Quattrini; e o colombiano Terra Sobre a Língua, de Rubén Mendonza.
Uma seção intitulada Docs Musicais vai resgatar grandes nomes como Mercedes Sosa, Violeta Parra e Silvio Rodriguez. Cantores e compositores do Brasil também são retratados – Cartola, Elsa Soares, Tom Zé e Itamar Assumpção. O cinema brasileiro não musical se integra à programação com vários inéditos – Anna K, de José Roberto Aguilar; Amparo, de Ricardo Pinto e Silva; Corte Seco, de Renato Tapajós; e Hamlet. Outros títulos nacionais terão sua primeira exibição na cidade, senão no País – Periscópio, de Kiko Goifman, e Mão na Luva, de Roberto Bomtempo e José Joffily. Como todo ano, o festival presta homenagens, e elas serão acompanhadas de retrospectivas dos homenageados. O diretor argentino Pablo Trapero, embora jovem, é autor de uma obra expressiva. Este ano, presidiu o júri da seção Un Certain Regard, em Cannes.
Trapero será homenageado com a mulher, a atriz e produtora Marina Guzmán, mas ela não virá. Está presa num cronograma de gravações para TV em Buenos Aires. Dois brasileiros também merecem a honraria – o diretor Silvio Tendler, de documentários que fizeram história, como Os Anos JK e Jango; e a atriz Leandra Leal. Sempre ótima – e o recente Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra, foi prova disso -, Leandra tem se aventurado pela produção, e privilegiando o cinema mais autoral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.