Amigo da Mostra, o bósnio Danis Tanovic estava em São Paulo, integrando o júri do evento, quando começou a gestar Terra de Ninguém. Em 2002, ele ganhou o Oscar de filme estrangeiro, derrotando o favorito O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet, com Audrey Tautou. Os críticos gostam de citar esse caso para mostrar como o Oscar da categoria é imprevisível. Os ‘velhinhos’ da Academia – como são identificados os votantes para melhor filme estrangeiro – valorizam o recorte sociopolítico mais do que em qualquer outra categoria.
O novo longa de Tanovic, Um Episódio na Vida de Um Catador de Ferro Velho, ganhou dois prêmios no Festival de Berlim, em fevereiro – especial do júri e melhor ator para Nazif Muji – e é uma das atrações do Indie 2013 que começa nesta quinta-feira, 19, em São Paulo, depois de passar por Belo Horizonte (na semana de 6 a 12). Durante duas semanas, até 3 de outubro, o Indie vai prestar homenagens e resgatar obras importantes garimpadas nos maiores eventos de cinema do mundo. Tudo isso para mostrar a cara do cinema autoral e independente que está sendo feito na atualidade.
Outra pérola é Heli, do mexicano Amat Escalante, que ganhou o prêmio de direção em Cannes, em maio. Foi talvez o prêmio mais desconcertante atribuído pelo júri que teve Steven Spielberg como presidente, e não por falta de méritos. A questão é que Heli é tão violento – e explícito na sua abordagem do universo das drogas na fronteira do México – que parecia difícil que justamente Spielberg fosse avalizar a visão artística de Escalante.
O festival de cinema independente traz mais dois títulos imperdíveis – Vic + Flo Viram Um Urso, do canadense Denis Coté, vencedor do Urso de Prata, e História de Minha Morte, do catalão Albert Serra, autor de dois filmes imensos por sua ousadia narrativa, Honor de Cavalleria e El Canto de los Pájaros. Tudo isso é muito estimulante e o Indie 2013 ainda presta homenagens ao francês Jean-Claude Brisseau, ao chinês Wang Bai e ao japonês Koji Wakamatsu, que morreu em 2012. Brissau, autor do emblemático Choses Secrètes – que Cahiers du Cinéma escolheu como melhor filme de 2002 com Ten, de Abbas Kiarostami -, era esperado ontem em São Paulo, mas não chegou. Há dúvida se ainda virá para o debate prometido no fim de semana.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
