Gilberto Gil encerrou a primeira edição internacional do festival Back2Black ontem, em Londres, no único dia em que os ingressos se esgotaram.
Aos 70 anos, completados na semana passada, Gilberto Gil fez um espetáculo grandioso, que transformou a área do palco principal numa animada pista de dança. O público o acompanhou e vibrou à introdução de cada hit – e ele apresentou muitos.
De seu flerte com o reggae, Gil tocou “Não Chores Mais” e fez ainda uma homenagem extra a Bob Marley, interpretando “Is this Love”. O clima mudou em seguida, em direção ao Nordeste brasileiro, quando o cantor explicou ao público, em inglês, o que era um xote, e mostrou “Esperando na Janela”.
Entre seus clássicos atemporais, apareceram “Realce”, “Vamos Fugir”, “Tempo Rei”, “A Novidade” e “Drão”. Para cantar “Toda Menina”, Gil chamou ao palco outros artistas que participaram do festival, como Arnaldo Antunes, Emicida, Flavio Renegado e Mart’nália, promovendo o último dos encontros do Back2Black –que tem entre suas propostas reunir artistas africanos e brasileiros.
Parcerias
Esta ideia resultou num dos shows mais bonitos da tarde de domingo, com Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e o malinês Toumani Diabaté retomando a parceria registrada no disco “A Curva da Cintura” (2011).
Virtuose num instrumento típico de seu país, a kora, Diabaté promoveu um bonito diálogo com a poesia de Arnaldo Antunes e a guitarra de Scandurra, em performance na qual as músicas podiam começar como um bolero e terminar num rock pesado.
Também do Mali, o casal Amadou e Mariam fez uma das melhores performances do Back2Black. O guitarrista Amadou criou uma singular mistura de ritmos tradicionais malineses com blues e rock, num estilo conhecido como “afro blues”.
Ao vivo, a percussão disputa as atenções com a guitarra de Amadou, em duelos sonoros vibrantes. Em contraponto, está o vocal hipnótico de Mariam, interpretando de uma maneira que parece que ela está conversando com a plateia, numa melodia doce e envolvente.
O repertório incluiu músicas de seu novo disco, “Folila” (2012), como “Afrique Mon Afrique”, uma das muitas em que a dupla celebra a cultura africana.
Jorge Ben Jor manteve a tarde em alto astral, entrando, com atraso –o único dos três dias de evento–, após Amadou e Mariam. Sua famosa banda do Zé Pretinho é afiada, e Ben Jor tem um espírito rock’n roll.
Por isso, mesmo tendo ouvido ou assistido aos seus espetáculos dezenas de vezes, e invariavelmente seu set list se repetirá, é impossível ficar indiferente à mùsicas como “Os Alquimistas”, “Chove Chuva”, “Fio Maravilha” e “Minha Menina”.
Volta ao Rio
A primeira edição internacional do festival Back2Black, em parceria com o centro cultural inglês Barbican, recebeu cerca de 7.600 pessoas, que assistiram a mais de 30 atrações, entre shows e palestras, divididas em três palcos instalados num antigo mercado às margens do rio Tâmisa, de sexta a domingo.
O evento volta ao Rio, de 24 a 26 de agosto, na desativada Estação Leopoldina.