Foi em 1999 que o Festival do Teatro Brasileiro teve sua primeira edição, ainda tímida. Na época, chamava-se Mostra de Teatro da Bahia e ocorria em Brasília. Ao longo dos anos, evoluiu: passou a ser itinerante e abarcou produções de outros estados. Esta ano, volta a reunir espetáculos de grupos baianos e chega nesta quinta-feira, 4, a São Paulo (com apresentações na capital e em Bauru), após passar por Minas Gerais, Espírito Santo e Acre – em sua primeira incursão na região Norte.
A intenção da curadoria é dar ao público um panorama do que se passa na cena teatral baiana. “Neste ano, estamos trabalhando com duas montagens que não são soteropolitanas”, diz o organizador do evento, Sérgio Bacelar. “Isso mostra como os recursos estão sendo descentralizados, apoiando iniciativas de outros municípios.”
A mostra, que leva nove espetáculos a quatro espaços (Centro Cultural Banco do Brasil, Teatro João Caetano e Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo; e Teatro Celina Neves, em Bauru), é aberta com Exu – A Boca do Universo, do grupo Nata.
Segundo Bacelar, a importância deste coletivo está na abordagem de questões válidas para o povo baiano. No palco, o elenco desmistifica costumes das religiões afro-brasileiras para combater a intolerância religiosa.
Com viés parecido, a já conhecida do público paulistano Cabaré da Rrrrraça é outro destaque do festival. No musical, o Bando de Teatro Olodum aborda o preconceito racial de maneira direta, mas engraçada e reflexiva. Desta vez, a montagem tem a participação do ator Érico Brás – que está no ar no seriado Tapas & Beijos, da Globo – e da cantora Fabiana Cozza.
Criada para ser uma peça juvenil, Entre Nós – Uma Comédia sobre a Diversidade foi o grande sucesso de público nos três Estados pelos quais passou, de acordo com Bacelar. No enredo, dois atores tentam criar uma história de amor entre dois jovens gays. Durante a criação, eles se deparam com diversas situações que os fazem questionar seus próprios pensamentos sobre o assunto.
É com Entre Nós… que o festival executa seu lado formador. Um coordenador pedagógico prepara um material para que professores possam trabalhar a peça em sala de aula, ampliando a percepção dos alunos. “Não temos solução outra para a formação de plateias que não passe pelas escolas”, diz Bacelar. O festival também promove oficinas de direção teatral e encontros com dramaturgos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.