Festival de Veneza começa nesta quarta

Temporada de carpetes escarlate e das mais aguardadas produções de veteranos e iniciantes, os festivais também costumam ser um momento de discussão sobre o futuro do cinema. Na Mostra de Cinema de Veneza, que começa nesta quarta, 2, o mote do debate promete girar em torno do serviço de streaming Netflix e seus abalos sísmicos entre distribuidores e exibidores. A empresa norte-americana lança no segundo semestre seu primeiro filme de ficção, o drama Beasts of No Nation, simultaneamente nos formatos on-demand (disponível para os assinantes do serviço) e nos cinemas.

Veneza, em sua 72ª edição, é a pioneira das premiações do cinema e nem por isso adota uma posição conservadora em relação à mudanças no cenário. Em entrevista à AP, o diretor do Festival, Alberto Barbera, mostrou disposição em achar um caminho em que as plataformas possam coexistir. “A internet e as plataformas digitais estão aí, não podemos evitar, e elas competem com o circuito tradicional. Não faz sentido tentar lutar contra essa tendência. Temos que encontrar uma maneira de colaborar”, disse.

A abertura do Festival ficará por conta do thriller Everest, do diretor Baltasar Kormakur, com Jake Gyllenhaal e Emily Watson. Segundo Barbera, o filme escolhido para dar a largada tinha que aliar valor artístico e apelo de público. O diretor da Mostra de Veneza acredita que o thriller venha na esteira dos escolhidos nos últimos dois anos: Gravidade, de Alfonso Cuarón e Birdman, de Alejandro González Iñárritu foram “lançados” pelo festival antes de abocanharem múltiplas estatuetas do Oscar.

Para concorrer ao prêmio principal da festividade, o Leão de Ouro, foram selecionados 21 filmes. O realizador e crítico francês Bertrand Tavernier recebe o Leão por sua carreira.

América-Latina em destaque

A vez de presidir o júri será do mexicano Alfonso Cuarón. A quarta edição do Festival dirigida pelo crítico Barbera traz pela primeira vez em vários anos dois filmes latino-americanos na mostra oficial: El Clan, nono longa-metragem do argentino Pablo Trapero e, do estreante venezuelano Lorenzo Vigas, Desde Allá. A seção Horizontes, fora da mostra oficial, exibe Boi Neon, do brasileiro Gabriel Mascaro, Un monstruo de mil cabezas, do mexicano Rodrigo Plá, e Mate-me por favor, da também brasileira Anita Rocha da Silveira.

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