Festival de Paulínia retorna com competição de inéditos

Depois de uma interrupção que levou muita gente a pensar que não voltaria mais à cena, o Festival de Paulínia ressurge agora – e com força total. O evento, que abre nesta terça-feira, 22, sua 6ª edição com a exibição de Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho, de Daniel Augusto, surgira como o mais promissor dos novatos no calendário nacional. No entanto, teve sua edição de 2012 cancelada pelo então prefeito José Pavan Jr., sob alegação de que destinaria a verba para obras sociais, mais urgentes. Ano passado, Paulínia fez uma mostra compacta em dezembro, apenas para não configurar dois anos de interrupção.

Agora voltou com tudo. A edição de 2014 conta com nove concorrentes brasileiros inéditos, feito que poucos, ou talvez nenhum festival brasileiro, podem hoje ostentar. Abre, nesta terça à noite, no Theatro Municipal, com um título de grande apelo popular, a cinebiografia do autor de Diário de Um Mago e O Alquimista, dirigida por um estreante em longas de ficção, Daniel Augusto. O mago é interpretado por Julio Andrade, ator de filmes como Cão Sem Dono, Serra Pelada e Gonzaga – De Pai Pra Filho.

Compreensivelmente, no meio cultural, existe ainda um temor pela continuidade do evento. De acordo com a secretária de Cultura de Paulínia, Monica Trigo, para garantir a continuidade não apenas do festival, mas do polo de cinema que funciona na cidade, foi assinado um acordo de cooperação com o governo federal. “Conseguimos também criar um decreto que regulamenta o incentivo fiscal para o cinema e outras áreas culturais”, diz a secretária.

Paulínia vai até domingo e encerra esta edição distribuindo prêmios e exibindo um filme polêmico. Bem-vindo a New York, de Abel Ferrara, fala sobre o rumoroso caso de assédio sexual do político e economista francês Dominique Strauss-Kahn que, com o escândalo, viu ruírem suas chances de candidatar-se à presidência da França, como pretendia. Embora inspirado nesse caso real, o diretor garante que fez um filme de ficção. O personagem de Gérard Depardieu, por exemplo, chama-se Deveraux. Ferrara e a atriz Jacqueline Bisset, que interpreta a mulher de Deveraux, são esperados em Paulínia.

Os longas que concorrem aos prêmios são: A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante (Ficção, PE); Aprendi a Jogar com Você, de Murilo Salles (Doc., RJ); Boa Sorte, de Carolina Jabor (Ficção, RJ); Casa Grande, de Fellipe Barbosa (Ficção, RJ); Castanha, de David Pretto (Ficção, RS); Infância, de Domingos Oliveira (Ficção, RJ); Neblina, de Fernanda Machado e Daniel Pátaro (Doc., SP/Paulínia); Sangue Azul, de Lírio Ferreira (Ficção, PE); e Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas (Ficção, SP).

Na mostra competitiva de curtas aparecem: De Bom Tamanho, de Alex Vidigal (Ficção, BSB); Edifício Tatuapé Mahal, de Carolina Markowicz e Fernanda Salloum (Animação, SP); Jessy, de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge (Doc., BA); 190, de Germano Pereira (Ficção, SP); O Clube, de Allan Ribeiro (Ficção, RJ); O Bom Comportamento, de Eva Randolph (Ficção, RJ); O Menino Que Sabia Voar, de Douglas Alves Ferreira (Animação, SP); e Recordação, de Marcelo Galvão (Ficção, SP).

Por inéditos, nada se pode dizer sobre a qualidade desses filmes. Mas existem motivos para boas expectativas. A mostra mescla novatos promissores e diretores de currículo alentado. É o caso de um cineasta como Murilo Salles (autor de Como Nascem os Anjos), Lírio Ferreira (coautor, com Paulo Caldas, de Baile Perfumado) e Domingos Oliveira, este um patrimônio do cinema nacional desde os anos 1960 com obras como Todas as Mulheres do Mundo e Edu, Coração de Ouro, até as mais recentes, Separações, Carreiras e Primeiro Dia de Um Ano Qualquer.

Sobre o ineditismo, que caracteriza essa retomada do Festival de Paulínia, o curador do evento, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, diz não ser fanático do critério. “Eu não sou a favor de filmes inéditos exclusivamente. Na verdade, procurei qualidade e diversidade”, diz em entrevista ao Estado. “Queria filmes interessantes, até polêmicos, diferentes.”

Entre esses filmes “interessantes”, Rubinho, como é conhecido no meio cinematográfico, não se esquiva de destacar o novo trabalho de Domingos Oliveira, Infância. “Acho que será o filme do ano, o melhor dele e com a Fernandona (Fernanda Montenegro), num filme inteiro, do começo ao fim, como a mãe dele. É muito belo”, afirma.

O lado mais provocante promete ser contemplado com Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas. “É o mais fora do comum, um musical que se passa num cemitério, não há nada parecido no mundo. Acho que vai ter gente saindo da sala”, acredita ainda o curador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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