Desde a ascensão de Fafá de Belém, no início dos anos 1980, a música do Pará não ficava em tamanha evidência em território nacional, até a escalada do Calypso, liderada pelo guitarrista Chimbinha. A atual cena paraense, porém, vai adiante em ondas de proporções amazônicas. As influências de suas misturas – tendo como base o tecnobrega, a guitarrada, o tradicional carimbó e a rediviva lambada – vêm se firmando no trabalho de uma nova geração de artistas de São Paulo, Rio, Bahia, Pernambuco e outros Estados, além da região amazônica, por motivos evidentes. O festival Conexão Vivo se expandiu para lá na edição de 2010 e de hoje a domingo coloca no palco do Píer das Onze Janelas mestres e novos expoentes dessa música exuberante e diversificada.
Criado há dez anos em Belo Horizonte, a princípio para divulgar a música mineira, o festival agora abraça cada vez mais tendências e produções do mercado independente em rede nacional. E chega pela primeira vez ao Norte do País, privilegiando na programação os artistas da região. Hoje, a programação começa com a banda Mini Box Lunar (do Amapá), que já passou por São Paulo este ano, tocando seu rock psicodélico com toques regionais. Em seguida, mais rock amazônico com a ascendente banda acreana Caldo de Piaba, que recebe como convidados os guitarristas paraenses Pio Lobato e Leo Chermont.
Rock, jazz, reggae e violão. O grupo Zarabatana Jazz, liderado pelo violonista Ziza Padilha, mostra outra face da música de Belém, tendo como convidada Dayse Adário. Os mineiros Sérgio Santos e Zé Renato quebram a hegemonia nortista num encontro que celebra antigas afinidades. Encerram a noite o cômico reggaeman Juca Culatra e sua banda, junto com a Floresta Sonora e Metaleiras da Amazônica, reeditando o bem-sucedido encontro realizado no Conexão Vivo em Belo Horizonte, em abril.
As conexões mineiras e paraenses se entrelaçam mais amanhã e no domingo com os encontros de Gilvan Oliveira e da banda Cataventoré com dois mestres da música de Belém, o cantor Nilson Chaves e o violonista Sebastião Tapajós, ambos compositores e com respeitáveis currículos no circuito musical do Brasil e no exterior.
De novidades locais, um dos melhores representantes da pluralidade sonora de Belém é a banda La Pupuña, que mistura rock, brega, merengue, surf music e guitarrada. Eles fazem o penúltimo show de amanhã, antes da arrasadora e divertida Gabi Amarantos. A Orquestra Juvenil de Violoncelistas da Amazônia, Sandália de Ambuá e Olyvia Magno são outros expoentes paraenses entre um paulista (Romulo Fróes), uma carioca (Nina Becker) e a banda Eddie (pernambucana de Olinda), que encerram a festa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.