Após apertar o freio em 2015, com uma edição reduzida, o Festival de Curitiba anuncia sua 25ª edição com mudanças no projeto curatorial, que substituiu Celso Curi, Lucia Camargo e Tânia Brandão pelos diretores Guilherme Weber e Márcio Abreu. O evento, que ocorre entre 22 de março e 3 de abril, traz em sua mostra oficial 35 espetáculos – mesmo número de 2014, e 312 na mostra paralela Fringe. A abertura terá o show poético de Maria Bethânia, em Bethânia e as Palavras, no Teatro Guaíra.
A dupla estava hesitante no início, Abreu conta que havia a consciência de que o legado do festival trazia consigo uma responsabilidade. “Havia uma limitação”, conta Abreu. “Mas decidimos entrar e nos lançar no desafio”. Para Weber o histórico do festival justifica o cuidado ao dar continuidade. “A mostra formou plateias e abriu a cabeça das pessoas. Mas um festival também se faz de repertórios pessoais”, conta Weber. A fim de oxigenar o posto de curadoria, a dupla antecipou que pretende passar o bastão em até quatro anos.
Com quatro estreias nacionais, o Festival aposta em dois espetáculos locais, Nuon, da companhia Ave Lola Trupe de Teatro, e La Cena, trabalho da G2 Companhia de dança. Os cariocas aparecem com MÓ – Dramaturgias em Dança e Desenhos de Comunidade e, por último, o monólogo Grãos da imagem: Vaga Carne da atriz, dramaturga e diretora Grace Passô. Na lista de montagens internacionais, o festival traz o intercâmbio de artistas brasileiros radicados em outros países, como Parallel Song, de Fernanda Farah e Chico Mello, que residem em Berlim; La Bête (O Bicho) do performer e coreógrafo Wagner Schwartz, e o uruguaio Tebas Land, de Sergio Blanco, que inspirado no mito de Édipo, confina dois homens em algo semelhante a um campo de concentração.
Outro recorte traz espetáculos que apresentam visões do Brasil, como Vozes Dissonantes, da Denise Stoklos, além do novo trabalho da Cia Teatro Balagan Cabras – Cabeças que Voam, Cabeças que Rolam e a dramaturgia maguebeat de Caranguejo Overdrive d’Aquela Cia, dos cariocas Marco André Nunes e Pedro Kosovski.
Entre outras preocupações houve o desejo de que o evento fizesse marcas profundas em Curitiba e em seus artistas. “Queremos que o festival tenha caráter menos eventual, que deixe vestígios na cidade.” Essa intenção se manifesta na escolha de espetáculos e montagens que dialogam com a cidade. Maior exemplo são os espetáculos paulista que entram na grade, com o Orgia ou De Como os Corpos Podem Substituir as Ideias, da Cia. Kunyn, encenado no Parque Trianon, na Avenida Paulista e Cidade Vodú, do Teatro de Narradores, que trata a imigração de haitianos em São Paulo.
A venda dos ingressos começa nesta quinta-feira, 18.