Cerca de 70 pessoas passaram pela sala onde acontecem as oficinas de cinema do 4.º Festival de Cinema de Maringá. Os interessados puderam conferir duas realidades distintas do cinema com as Oficinas de Roteiro, com Érico Beduschi, e de Produção, com Josiane Orvatichi. A estudante de Artes Visuais, Caroline Gervázio, 19, disse que as oficinas foram diferentes entre si e que esse evento é importante para uma cidade universitária, como Maringá. "Existem várias faculdades de comunicação aqui que estão sendo beneficiadas pelo evento", disse. As estudantes e "quase cinéfilas", Stella Defani, 17, e Thaís Hoffmann, 16, disseram achar as duas oficinas muito interessantes. "Para mim, que não sabia muito sobre como é feito um filme, foi muito bom", revelou Stella.
Aprender como se faz um roteiro, quais os processos técnicos e de criação. Esse foi o foco da Oficina de Roteiro, ministrada por Érico Beduschi. Ele está na área há mais de 12 anos e foi o roteirista do animação ?Brichos?, que está em cartaz na Mostra Competitiva. A Oficina despertou o interesse de vários aspirantes a roteiristas.
Na Oficina de Produção, a produtora Josiane Orvatichi trouxe sua experiência e explicou que um filme não é simplesmente um filme, mas o trabalho de muitas pessoas.
A última oficina do dia foi a de Fotografia com Cláudia Guimarães. A diretora de fotografia falou sobre a realidade do mercado cinematográfico e lembrou aos que estavam na sala que, geralmente, o único que ganha visibilidade pelo filme é o diretor.
4.º Seminário de Cimena
No quarto dia do Festival de Cinema de Maringá foi realizado o 4.º Seminário de Cinema. O evento contou com a presença de Paulo Munhoz (cineasta e professor), Cláudia Guimarães (Artista plástica), Josiane Orvatich ( Roteirista e Diretora) , Érico Beduschi (Escritor, roteirista e professor), Pedro Merege (Cineasta) e Guto Pasko (Diretor, roteirista, produtor).
O tema debatido foi a Dinâmica do Mercado Audivisual do Paraná, onde foram levantadas questões que se destacam no processo de desenvolvimento do meio audiovisual, como por exemplo, sem política não há cinema; a ilusão da realidade; a necessidade do homem de se comunicar, relevando o fato de que o cinema aproxima realidades distantes.
Pedro Merege em torno da discussão política de identidade do cinema, fez uma retomada histórica da sétima arte paranaense. O debate destacou o tripé do mercado como um todo que se baseia em disciplina, conhecimento e relacionamento e a dificuldade que os produtores paranaenses enfrentam para expor seus trabalhos. Guto Pasko, afirmou que existe público para os filmes, porém falta interesse em exibi-los, dessa forma insiste que é necessário que os cineastas trabalhem de forma coletiva, pois ?Sozinho ninguém faz nada? afirmou o cineasta.
O Seminário contou com a presença de um público diversificado, como jovens e profissionais da área.
Mostra Competitiva
No terceiro dia da Mostra Competitiva foram exibidos 15 curtas-metragens 35 mm e 32 em plataforma digital/analógica, que teve inicio nesta segunda-feira. Entre os que se destacaram na plataforma digital/analógica estão ?7 kptais?, dirigido por Clementino jr., Ronaldo Oliveira, Nana Grehs, Gordeeff, Cláudio Roberto e Felipe Fernandes, que descreve de forma engraçada e até irônica os sete pecados capitais. Já o curta ?A Arvore do Dinheiro? se utilizou de uma história conhecida para descrever a ganância. O film,e dirigido por Marcos Buccini e Diego Credidio, premiado no festival Anima mundi Web 2002 e no VII Festival de Vídeo de Pernambuco 2006, conta a história de um nordestino que ganha uma arvore que dá dinheiro e fica rico.
Numa outra perspectiva está o curta ?A Ultima Corrida?, dirigido por Fernando Bezerra, que faz uma crítica à falta de segurança enfrentada pelos moto-boys e a não regulamentação da profissão. Compareceram várias pessoas que já haviam participado de outras edições e também gente nova que ainda não conheciam o evento.
Para Raquel Coelho, 25, jornalista, entre os melhores curtas exibidos estão ?Sete Vidas? e a ?A Resistência do Vinil?, que traz depoimentos de amantes do vinil. A psicóloga Ana Maria Tardelli, 25, participa do festival pela primeira vez e é o segundo dia que comparece. ?Estou gostando bastante. Soube do Festival pelo meu namorado que leu no jornal?, disse.
O festival pôde ser prestigiado também por mirins. Alyce de Oliveira Gomes, 8, veio com o pai e a amiguinha, todos pela primeira vez. ?Eu estou achando bem legal. Por enquanto assisti a dois filmes e quero ver mais. Aprendi que não pode ter racismo de ninguém porque é muito feio?, falou a pequena referindo-se ao filme ?Etnia?.
Entre os curta-metragem exibidos no terceiro dia da Mostra Competitiva 35 mm está ?A Balada do Vampiro?. Inspirado no livro de Dalton Trevisan, o filme mostra as reflexões de Nelsinho, interpretado por João Luiz Fiani, sobre o universo feminino. Outro filme que se destacou foi o curta ?Espeto?. Predominando a cor vermelha, maquiagens fortes e figurino chamativo, o humor negro de Guilherme Marback e Sara Silveira conta a trajetória de um garçom para subir na carreira e alcançar o posto de homem da Picanha.
O curta ?Vovó vai ao supermercado? surpreende pelo roteiro que trabalha com projeções no tempo e flashbacks. Outro destaque do filme é a atriz Lala Schneider. Já o filme ?Sete Vidas?, narrado por Selton Mello, retrata a vida de um escritor que morre e reencarna como gato. Nessa nova vida ele convive com sete donos e suas ?esquisitices?.
Para a estudante Amanda Carvalho, 16, que já veio em outras duas edições do evento, a cidade oferece poucos eventos culturais e na maioria das vezes são pagos. ?O legal é que aqui é gratuito e isso incentiva as pessoas. É bom também porque a gente aprende muita coisa. Os filmes são polêmicos, educativos e engraçados?, comentou animada.